quinta-feira, 20 de dezembro de 2012

Apocalipse no Sertão - A sexta porteira: O xuxuzal sangrento

"Get your motor running
Head out on the highway
Looking for adventure
In whatever comes our way"
("Born to be wild" - Steppenwolf)
 

"pagando de gatão"
momentos antes do acidente
No calçamento dando pau de moto a 60 por hora, até que vejo atravessando pela estrada um tatu, alguns 40 centímetros de casca dura nas suas costas me fizeram muito admirar aquela delicada estrutura, resistente forma de vida entre os avanços das roças de soja e milho junto de seus pesticidas e fertilizantes... Minha reflexão sobre a casca do tatu foi tanta que só a finalizei quando já havia caído num barrau do outro lado da estrada, arrastado 10 metros na pura lama do Sertão do Paraná enquanto a moto havia fincado num xuxuzal - foi o tal xuxuzal bendito que impediu que a moto caísse numa das sangas do rio Veado.

Meu corpo havia tastaviado com a queda, todo embarrado e esfolado no braço esquerdo, tava viraaaaado em praga... Levantei-me para tentar erguer a moto e seguir viagem... Senti meu ombro, do lado da clavícola, mais precisamente o osso da saboneteira. Meti a moto em ponto morto e fui até a casa de um colono pedir socorro, não teve nem conversa, o gringo logo se fincou ligar pra ambulância. Chegando em Pato Branco, o médico me fincou uma faixa e mandou respousar, lembro que naquela noite a dor me impediu de pregar o olho.

Mas não deu outra, no outro dia cedo me boliei atrás da mais conhecida arrumadeira de osso da região: a cabocla Dona Pretinha. Chegando lá, me esperava uma senhora baixinha com as mãos enrrugadas, enquanto terminava de atender uma família necessitada de alimento e roupas. Adentrei sua sala de massagens, logo que enconstou no meu osso, grelhei os zóio imaginando que a dor aumentaria constantemente, entretanto, no primeiro toque de suas sensíveis mãos minha ossada foi entrando no lugar. Cléct, cléct... sua massagem com folhas mentoladas e arnica me fez viajar mais uma vez...

Lembro que me sentia privilegiado, milhares de anos de conhecimentos vindos da terra, dos povos antepassados que viviam em terras ancestrais e que agora podiam ser depositados na minha saboneteira. Pretinha conhecia todas as articulações, nervos, ligações que faziam parte do corpo humano. Sua cura não veio como algo complexo e institucionalizado, mas sim de maneira simples, de quem não saberia também fazer de outra maneira que não fosse pelo querer ajudar. Mais uma vez, em mais um episódio de minha vida me coloquei como mero aprendiz do mundo véio,  pois seja na pequena mas resistente casca de um tatu, num xuxuzal esquecido mas forte na beira de estrada ou nas mãos simples mas sábias de uma cabocla idosa que está aquilo que foge à busca pela perfeição, nos torna mais reais e mais simples de coração.

Nunca valorizei tanto uma sopa de xuxu depois daquele dia!!!

terça-feira, 11 de dezembro de 2012

Os quero-quero apocalípticos

Num campo com meia dúzia de araucárias, em pleno centro de Beltrão, ouvem-se gritos. 

Não são de gente, mas de protesto. Estavam eles anunciando o fim do mundo?

Gritos de bicho, sufocados pelo barulho dos motores. Mas que entre um rasante e outro sobre as patrolas mostram que a natureza resiste à supremacia da civilização e tentam, quem sabe, dizer que já fomos longe de mais.

Ou talvez fosse só o tempo pra chuva.

domingo, 9 de dezembro de 2012

Toração de Pau: O acidente do lenheiro de Clevelândia (Arquivo Digital do Sertão do Paraná)

Clevelândia, PR - alguma tarde de 1979

Um acidente marcou aquela tarde e fez com que se reunisse uma "muntuera" de nego. Mas pense num punhado de gente. Um Maveco 6 caneco fez a curva na frente da Serraria no pau! Se fincô pra cima da carroça de Arduíno Pocai, o lenheiro daquelas bandas. O acidente resultou na morte do seu casal de mulas, que precisaram ser sacrificadas pois quebraram as patas dianteiras.






A morte das mulas significou um alerta a família Pocai que sobrevivia do corte de lenha. O pessoal prensou o motorista na xinxa e logo depois ele pagou pelas mulas.





Pareceu o encontro de dois mundos, de um lado o velho com o trabalho rústico e de outro o avanço da mecânica nas mãos de um piazão que dirigia aquela máquina envenenada pelas ruas de Cleveland.



quarta-feira, 5 de dezembro de 2012

sertão news: O homem que desmascarou o chupa-cabra da Linha Triton

05 de dezembro de 2012, Plantão de última hora!!!

Por Leandro Czerniaski - correspondente da beirada do Rio Marrecas


Passado da meia noite. Tempo armado pra chuva, vento uivante e alguns relâmpagos. No sítio de Nego Várdo, o gado se assusta e corre no potreiro. Seu proprietário, bom entendedor dos assuntos relativos à chupacabrisse – e todas suas artimanhas, corre buscar a cano duplo guardada no sótão, não esquece das balas de cobre, atiça os cachorros e corre dentre uma macega na direção contrária do gado. 

Várdo vê os vultos dentre os pingos de chuva. A respiração acelera, o passo diminui e os perdigueiros se intimidam e voltam. Sozinho, se posiciona para o tiro certeiro no escuro; só ouve o mugir de uma de suas vacas e cai desmaiado. É encontrado somente na manhã seguinte. Próximo dele, a carcaça de um bovino pela metade.

A reconstituição acima foi feito a partir do relato do próprio Nego Várdo, morador antigo da Linha Triton, um reduto gringo-polaquês no interior de Francisco Beltrão onde, nos últimos meses, animais vêm sendo misteriosamente atacados.

Nego Várdo exibe dois gansos encontrados mortos e esvaídos 
Já passaram de dez as vacas encontradas mortas nas redondezas, além de gansos e porcos. Em todos os casos, uma semelhança: os animais foram atacados pela traseira, tiveram o sangue esvaído e foram levados somente os órgãos. 

“Tu acha que um hóme faz isso? É coisa daquele djãnho véio que vem comê as criação da gente”, sentencia Várdo, ainda sujo de barro da noite anterior, enquanto campeia a cano duplo que herdara de seu pai, junto com o conhecimento aprofundado em chupa-cabras e similares.

Predador misterioso e de morfologia incomum, o chupa-cabra age na calada da noite. Silencioso, agente de ataques insólitos, vitima pela sua habilidade seletiva e intrigante capacidade de hipnotizar suas presas.

Descrente na ação da polícia, que já planeja uma força tarefa para capturar o dito-cujo, Nego Várdo acusa ser Waldomiro Casagrande, latifundiário bem sucedido, o tal do chupa-cabra. “Aquele desgranhento logrou tudo nóis, que obrigou a gente a assiná uns documento que tinha que entregá as terra e agora ele que atropelá nóis daqui assustando a gente”, denuncia Nego à nossa reportagem, se referindo ao aval que o coronel dera para a aquisição de sementes de milho safrinha, que carunchou todas as espigas. 

De fato, coronel Casagrande possui todas as características necessárias a um chupa-cabra que se transfigura em gente – baixa estatura, fala fina, a pupila vermelha e pouco caráter. Mas nem por isso a versão oficial dos acontecimentos diurnos e noturnos permitia tal afirmação. 

Pela tarde, vários veículos de imprensa, curiosos e pseudo-ufólogos estavam na propriedade colhendo informações e analisando a carcaça do animal. No fim do dia, querendo se aproveitar da movimentação para reivindicar o que por direito lhe pertencia e mesmo mancando da perna direita, até coronel Casagrande apareceu por lá. Levou os documentos com o polegar de Nego Várdo em assinatura e chegou fazendo alvoroço entre as autoridades.

Nego Várdo, diplomado na faculdade da astúcia cabocla, de vereda teve uma dessas ideias que só um bom conhecedor de chupa-cabras seria capaz de arquitetar. Aproveitou a presença do juiz e do prefeito na propriedade e rebateu o coronel sugerindo que ali mesmo fosse resolvida a questão, num julgamento em que se contraporiam as teses de um e de outro.

Plateia posta. O juiz sentou num toco de amburana em frente a casa, Nego de um lado e o coronel de outro. Este, iniciando a sessão do júri, mostrou a documentação que oficializava a negociação feita com o caboclo. Já era noite. Em sua defesa, Nego Várdo disse que tais documentos não tinham validade, haja vista as leis serem aplicáveis somente aos homens e ser o coronel um integrante da espécie chupa-cabra e não humana. Depois, discorreu sua história, a relação com o coronel e as provas (orais) de que o mesmo era o bicho ruim num discurso de mais de duas horas.

Onze e meia de noite e coronel Casagrande se perde nas falas, sua sem parar e olha para a lua – cheia. A plateia estava farta de tanto falatório, mas Nego Várdo enrola um pouco mais e a cada pouco olha o relógio. Já era quase meia noite e a cada minuto aumentava a agonia do coronel, que andava de um lado ao outro mancando, provavelmente havia levado um tiro na noite anterior. “Eu quero provas do que me acusas; por enquanto só falou que sou o chupa-cabra, mas não provou nada”, dizia ao Nego Várdo.

A plateia, o juiz e o prefeito ficaram mais por gostar da história que por acreditar no que dizia aquele caboclo. Onde já se viu, um homem ser o chupa-cabra, pensavam. Às 11h59, lua reluzindo no céu e a palavra com Nego Várdo, que conta os segundo para a meia noite no relógio e, no badalar do sino, aponta para seu carrasco dizendo que todos verão a prova do que disse.  Os olhos do coronel ficam mais vermelhos do que comumente. Dos dedos surgem garras, dos dentes, presas e a roupa se rasga enquanto crescem pelos por todo seu corpo. Urra tal qual um bicho selvagem e sai em disparada dentre a mata, assustando a maioria dos presentes, que também corre.

O juiz bate o martelo e sentencia ganho de causa para Nego Várdo.





Inspirado no recomendado livro “O Coronel e o Lobisomem”, de José Cândido de Carvalho.

segunda-feira, 15 de outubro de 2012

Edição Sangrenta (especial) - 55 anos da Revolta dos Posseiros

Percorria entre os ouvidos nos corredores das Universidades o boato de uma fonte perdida da Revolta dos Posseiros, como se fosse um tal "Livro Negro da Revolta". Ano passado uma colega de faculdade na Unipar, Joseane Jokoski, me mostrou uma fonte, um pequeno caderno empoeirado, com alguns rasgos e meio tastaviado, virado em praga. Era ele, uma publicação de 1958, feita em papel rústico, portanto de difícil conservação

Dessa fonte preciosa extrai uma pesquisa que me rendeu minha dissertação de pós-graduação nesse ano. Como forma de retribuição a memória e a História estou digitalizando esse documento histórico que contém dois discursos do senador Othon Mader que denunciam as práticas violentas das companhias colonizadoras durante a década de 1950 contra os posseiros do sudoeste do Paraná assim como o descaso da polícia e do governo frente a tais abusos.

Espero que este documento sirva para muitas outras pesquisas e discussões. Segue aí: http://pt.scribd.com/doc/109745871/A-rebeliao-agraria-do-sudoeste-do-Parana-em-1957-A-dupla-responsabilidade-do-Sr-Moyses-Lupion

quarta-feira, 10 de outubro de 2012

55 anos da Revolta dos Posseiros

Foi entre cachaças, salames defumados, fumos de corda dependurados nas bodegas que o povo do sudoeste escutava a Rádio Colméia na frequência 1520 Hz onde se denunciava as "marvadezas" praticadas pelas companhias colonizadoras que eram protegidas pelos governo Lupion. Casas eram queimadas, mulheres violentadas, uma criança foi jogada pra cima e espetada por uma adaga.

No meio do mato, farrapos como Pedro Santin e tantos outros anônimos se degladiavam entre faconaços e tiroteios no meio de valetas usadas como trincheiras contra os jagunços e criminosos vindos de diversos lugares do Brasil, Argentina e Paraguai.

Hoje, fazem 55 anos que o povo do sertão do Paraná tomou as ruas contra a violência dos jagunços e o descaso das autoridades policiais. O comércio foi fechado em protesto, documentos das companhias foram jogados pelas ruas e queimados e até o chefão da política estadual Pinheiro Junior teve de aceitar as exigências dos colonos.

A experiências desses homens e mulheres simples que impunharam carabinas para defender suas terras nos deixa uma lição de como defender a vida com força e honra.

quinta-feira, 4 de outubro de 2012

Sertão News: Retrospectiva das politicagem e dos fiasco desses chupinzedo que só querem comer nosso cheque do leite


Os posts aí embaixo provam que não são os políticos que não prestam. Esses já estão comprometidos com a elite, só estão defendendo o deles. Mas você, largue mão de ser lóke, bicho burro, oreia seca, trate de usar esse dedo pra outra coisa que não seja cutucar o nariz e fazer brigadeiro com o tatu que sai de "drento". Soque a porva nesses home, como se tivesse fazendo amor ca tua muié e vote em alguém que presta.
Ta aí jegue, eles te compram com gasolina e mensagem celular de madrugada e você virá burro de carga dos troxa pagando imposto que nem alfafa



 HOJE ELES DIZEM QUE TÊM O APOIO DO GOVERNADOR, MAS FORAM AMEAÇADOS CASO SE CANDIDATASSEM...

 SERTÃO NEWS: Partido do governador faz Conferência, e mulher do governador só faltou xingar a mãe do candidato a prefeito.

Capital do Sertão, 17 de março de 2012


Debaixo de um capoeirão,
achamos um ninho de tucanos no sertão

Foguetório e gritaria marcaram o entreveiro do Convenção Partido dos Sociólogo do Brasil na Capital do Sertão Paranaense. Esteve presente a mulher do governador "Piá de Prédio" que chamou a mesa o prefeito "Boi Gordo" e o seu amigo deputado "Cara de Perau", ambos foram vaiados pela tucanada e por pouco não saiu ovo e tomate podres no pessoal neo-brizolista.

No discurso o tom de ameça da muié que mais parecia esposa dum coronel bago-roxo saiu nesse tom. Nosso correspondente Nego Barrichoca relatou
"Olha Pocai, ela falo praticamente assim: É isso aí diabedo! Esse ano nós vamo pras cabeça! E tu 'Cara de Perau' pode até se lançar candidato a prefeito, mas já saiba que caso se eleja nessa cidade de barranco não vai poder contar com 1 pila do governo do meu maridão".


SERTÃO NEWS, em dialeto gringuês pra ficar mais claro pra todo mundo que nem água de poço.


O candidato "Cara de Perau" daí teimou, calou a boca de todo mundo com cargo público e o escambal e agora vem puxar o saco do pessoal que ameaçou não trazer 1 pila pra cá.

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Vereadores inauguram patente no Arroio Veado; “agora eles têm lugar pra fazer as cagada”, diz oposição

Linguiçada e foguetório,
"os políticos tão apelando cedo, negada"
analisou nosso crítico político Zé Coró
Por Leandro Czerniaski – Correspondente Beltronense dos barranco da beirada do rio Marrecas


10 de junho de 2012
Uma solenidade política com fogos de artifício, carreata e gole na faixa marcou a inauguração da patente comunitária de Jacutinga do Arroio Veado, interior de São Migué d’Oeste. A obra foi construída às pressas após a pressão da comunidade local, que chegou a dar de presente um balde cheio de bosta pro prefeito.

Nos discursos, após cortar a faixa brilhante, as "otoridades" enalteceram a necessidade de levar um tal de saneamento básico à comunidade de Arroio Veado. Nego Várdo disse que esse loco pode até vim, "má que não se tentiê pra cima das muié, senão vão atropelá na base da faconada e tiro de sal na bunda". O governador Colombo confirmou presença na inauguração, mas não compareceu devido à “imprevistos”. Ainda bem, senão ia saí de lá co lombo ardido de pau.

Para simbolizar a inauguração da obra, o vereador Jacinto Bucho Frôxo, arriou as cárça e lambuzou as alpargata, demonstrando a qualidade da obra. Depois não convidaram ele nem pra foto oficial.

A oposição classificou a prática como “suja”, literalmente, e disse que a obra foi feita em favor próprio do prefeito, acostumado a fazer suas cagadas. Em resposta, o chefe do executivo disse que vários de seus pares poderão desfrutar do local, já que tem muito político caganêra pelas redondezas.

O degladeio com linguiçinha e gole na faixa terminou só quando o sol apareceu e as moças de família se recolheram às suas moradas. O evento não registrou nenhuma morte, só um faquiado no fígado.

sexta-feira, 28 de setembro de 2012

A lenda de Ari Pistola - Parte I


 por Robson Pereira

caboclo conhecido por tirar pra lóke
os muléque baitola, se fincô em diversas
aventuras pelo sertão do Paraná
Nós, dessas bandas do sertão paranaense, em geral quando nos referimos a algo que é antigo, ultrapassado, ou apenas muito velho, frequentemente dizemos que é “do tempo do Ari Pistola”. Porém a origem desse misterioso personagem ninguém conhece ao certo. Através de alguns relatos, causos em rodas de chimarrão, fofocas das comadres, histórias de nossos antepassados, conseguimos encontrar indícios de que talvez Ari pistola tenha de fato passado por Pato Branco.

Um andarilho perdido nas estadas empoeiradas do sudoeste paranaense, assim Ari Pistola era visto pelas redondezas. Um “Cowboy fora- da -lei” vivendo em um “Faroeste Caboclo”. Um sujeito magro, quarenta e poucos anos de idade, usava um vasto bigode que de longe parecia uma raposa.

Lá pelas capoeiras de Clevelândia, Ari, como era chamado por seus velhos amigos de empreitada, vivia baleado, por cachaça e por pólvora. Andava mancando devido a um balaço que tomara na perna esquerda, durante uma briga em um velório. Nunca se separava de sua pistola que pendurava no cinto. Trajava roupas velhas e sujas devido aos sofridos trabalhos na roça. Não se considerava um agricultor pois apenas fazia umas empreitadas para comprar munição para a pistola, cachaça pra carcaça e presentes para Carminda, uma moça com quem dava umas “macaquiada” de vez em quando. Carminda morava em Mariópolis, então Ari se sumia para aquelas bandas no fim de semana.

Ari um verdadeiro pistoleiro, “apagava” somente quem merecia, era pobre mas tinha dignidade. Vivia envolvido em brigas nas bodegas da cidade onde nenhuma lei imperava. Seu grande amigo bastião, companheiro de roçadas, lhe vendera a pistola, pela qual Ari tinha tanto zelo, os dois sempre estavam tomando uma cuia de chimarrão em baixo das árvores depois do trabalho. Há boatos de que certa vez Ari e Bastião envolveram-se em uma briga na bodega do velho Vardivino e os dois sozinhos deixaram 2 sem os dentes e 5 baleados, os sujeitos perderam no jogo de baralho e se recusaram a pagar, então Ari e bastião tomaram as devidas providencias. Bastião resolveu ir embora para Santa Catarina, fizeram a última empreitada, roçaram um grande terreno cheio de inço, repartiram 1000 cruzeiros pra cada e cada um seguiu seu rumo, depois é claro do último trago de cachaça quente. Ari Pistola comprou um cavalo velho, se despediu de Carminda e disse que procuraria trabalho em uma Cidade vizinha com nome de Pato Branco.
Ao chegar naquele modesto vilarejo, Ari olhou pra todo lado mas não achou nem um lago muito menos patos, não entendeu nada, Pato Branco???. Só se via mato pra todo lado, Ari acabara de chegar na cidade passando por um trecho onde alguns anos mais tarde seria chamado de “Rasga Diabo”. Desceu um morro dos infernos e encontrou finalmente a civilização. 

Amarrou o cavalo em uma árvore perto do bar e foi entrando. Ao passar pela porta já viu 3 jagunços que o encararam, estes indivíduos eram contratados pela CITLA - Clevelandia Industrial Territorial Ltda - companhia metida a grilar terras dos colonos. Antes de Ari pedir um trago, um deles mandou ele se retirar dizendo que lugar de vadio era carpindo lote. Ari que não levava desaforo pra casa pegou a pistola e baleou o falastrão na testa e pra garantir o bem estar de sua integridade física aproveitou o embalo e mandou pro inferno os outros dois também.

Ari pistola ficara acampado em uma pensão muito conhecida na região, Pensão da Dona Etervina, uma viúva que alugava os quartos do velho casarão para forasteiros e trabalhadores da região. Diziam as más línguas que a tapera era mal assombrada, havia relatos de que na madrugada eram visto vultos no andar superior do estabelecimento. Ari era destemido, mas não descartava a hipótese de haver algo estranho na casa. Depois de algumas horas já estava em seus aposentos descansando, era madrugada, Ari ouviu barulhos estranhos no corredor, resolveu pular do beliche e averiguar o local. Ari pistola abriu a porta, que por sinal era muito velha, fez um barulho estridente devido à ferrugem nas dobradiças. 
 Um velho homem, careca, andava vagarosamente pelo corredor segurando um lampião, já tinha passado pelo quarto onde se encontrava Ari, o velho desceu as escadas em direção ao primeiro andar. Ari pistola resolveu voltar ao descanso, pois amanhã iria em busca de uma roçada pra fazer. Na manhã seguinte Ari tomava seu café preto e fumava seu paieiro e questionou Dona Etervina a respeito do velho que avistara no corredor, Ari ficara espantado quando a velha lhe disse que ele era o único hóspede no hotel, Ari logo falou as caracteristicas do sujeito misterioso. Etervina ficou assustada pois Ari descrevera um idoso que ano passado havia se enforcado no quarto dos fundos do segundo andar. Sem pensar duas vezes Ari subiu as escadas com rapidez, em menos de 15 minutos já estava na estrada com suas trouxas amarradas ao cavalo velho, caiu na estrada para procurar serviço.

terça-feira, 18 de setembro de 2012

Desenvolvimento sustentável

Depois de derramarem sangue indígena e desmatarem grandes hectares de terra, as grandes corporações vem a público falsificar seus interesses, afirmando que possuem caráter de responsabilidade social e sustentável. Na realidade, o desenvolvimento sustentável não interessa a eles, muito menos às atividades produtoras de soja, que consomem toneladas de agrotóxico agredindo a terra, nem mesmo aos produtores de carne, que praticam a desenfreada matança de animais pautada na poluição dos rios e no uso de grandes extensões de terra que poderiam ser fonte de renda de muitas famílias.

Esses grupos dominantes procuram estabilizar suas relações e seu poder em torno de práticas ultrapassadas, mas que ainda oferecem horizonte verossímil de ganhos econômicos. Essas coalizões são abaladas não tanto pela perspectiva de catástrofe apocalíptica, mas pela demonstração da viabilidade de alternativas que têm sempre uma dimensão político-cultural e não apenas puramente mercadológica. São abaladas pelo sorriso do colono que vive da agricultura familiar, pelo remanescente indígena que vive da subsistência e pelo ascentado consciente politicamente que não se rende aos interesses do capital.

(inspirado em Ricardo Abromovay, estudioso do sertão do Paraná)

terça-feira, 11 de setembro de 2012

SertãoNew: Grampo telefônico, deu boi na linha na pesquisa eleitoral e METAL MASSACRE

13 de setembro de 2012

Soco no palanque do Alceni Guerra

A Curuíra assombrô o Castro Alves

O Nego Beto pulô cas parcela

Bublitz fico na cuida da Video Locadora

Márcio Loko trepou na carroceria do Viganó

Se estrupiaram na cerca do arrumador de osso

Molhou o café na roupa do Gordines do Premem

O ÁÁÁÁÁ zuo na quebrada forte

quem sabe faz ao vivo no Rasga Diabo

Voadora no sovaco do Caxuxa

O Polaco Chave jogô os bet's, cruzou os tacos e contou até 10
 
O Réc pulou de bico na piscina Olímpica do Grêmio, tomô gancho

O daLuz saiu de zorba no Ruzza

O frei Nerso deu um cavalo de pau com uma Fiorino

O Véio Lorpa vomitô na geada porque caíram os butiá do bolso


O dono da imobiliária bigodudo gosta de gozá ca pica dos otros

Fincaram um estilete no peito do Tchumpá, ficamo sem o "paratinapara" no Posto Tigrão, pelegada de luto


O Xuxinha apareceu de Opala que nem malandro de barraca...


Todo mundo tá ligado,
eles pagaram o Sadã de Salto do Lontra pra assombrá com o facão e fincaram por cima o Chuleta de Magueirinha defender eles no Repórter Cidadão, mas somente a loucura é colorida, somente a periferia é verdadeira e somente o amor é uma lei.

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Em pesquisa feita pela SertaõPESQUISAS descobrimos que 70% da população que ganhou gasolina e meteu placa na frente de casa pra ganhar os troco vão votar em pelego. A teoria dessa margem que quer o continuísmo por mais 4 anos se pauta no repartimento da corrupção, ou seja, essa parte da população tem tesão em participar dos desvios de verbas públicos. Preferem socar a Parati rebaixada de combustível do que ter um hospital pra serem atentidos.


[esse post não tem por intenção ofender nenhum morador humilde, burguês ou comum de Pato Branco, pelo contrário, alguns são bacharéis, diplomatas da Cultura Popular e outros são só pelegos que só pensam no poder. As palavras de baixo calão como "gozar ca pica dos otros", pertencem ao discurso no formato real como chegaram ao meu ouvido, tirá-las do texto deturpa todo seu sentido]


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Lançamento da Obra: NOS BASTIDORES DO PROLETARIADO dum tal de pelego Roberto Pocai na SEMANA LITERÁRIA DO SESC

13/09 (Quinta-feira) às 21h

Muito além dos grandes homens estampados em praças e avenidas, uma História escrita pelas mãos calejadas dos trabalhadores. Paraná, final do século XIX, ao leito de seu entroncamento ferroviário se erguem grandes fábricas. O estado cresce, o imigrante aparece, a vila operár

ia se ergue e toda vida dos trabalhadores girava em torno do mundo urbano. Ainda assim, nem tudo era uma contemplação da vida industrial do mundo urbano, no início do século XX as vozes dos operários se comungam nas organizações operários, ocorrem as primeiras greves, aparecem os primeiros líderes das revoltas contra a exploração dos proletários princesinos. Em resposta a isso, a elite se inflitra entre as associações operárias afim de construir uma imagem "civilizada" do trabalhador, entretanto, esse projeto por diversas vezes se deparou com o mundo político dos operários que resistiam ao seu avanço. Uma obra que vai além das paredes das fábricas, mostra a rua, a casa, o trabalho, todo universo da vida de homens e mulheres que construíram o estado do Paraná.

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https://fbcdn-profile-a.akamaihd.net/hprofile-ak-ash4/373197_388624364538094_159647323_n.jpgÉ esse fim de semana, o maior degladeio do sertão do Paraná: METAL MASSACRE IV!!! Grandioso baile no recanto Jurerê com dois dias de pau torando violentamente com uma montuera de bandas que os gringos se peidam tudo pra falar os nome, sangue no zóio, soco na gaita, vamo se fincá pro DEGLADEIO DE FERRO EM BRASA, vai ser de perdê os butiá do borço.

Ingressos a venda no ARMAZÉM DO ROCK, HOT LINE e com os pelego que tão organizando.

Ônibus saindo da Paróquia São Cristovão passando pelo trevo da Patrolinha e pela Fazenda da Barra.

Todos já confirmados:
-São Pedro de Alcântara COLA NA GRANDE!
-São João Baptista COLA NA GRANDE!
-Nova Colônia COLA NA GRANDE! (Mariópolis)
-Jacutinga COLA NA GRANDE! (Beltrão)
-Nossa Senhora da Salete COLA NA GRANDE! (Renascença)


entre outros churriu, que como diria o Morangão, vão se fincá na grade que nem potrô nos palanque do potrêro!

segunda-feira, 27 de agosto de 2012

SertãoNews: Babilônia em chamas e Lagartos do sertão do Paraná

27 de Agosto de 2012

O último degladeio dos brancos com
os nativos foi desse jeito
("Conquista dos Campos de Guarapuava"
de José de Miranda, século XVIII).
Na Boca do Sertão - Placa de política vira em Degladeio em Guarapuava:
por Leandro Czerniaski e Roberto Pocai

Tem um pessoal que quer falar em respeito, educação, igualdade, liberdade... Pelamor, não conseguem nem conviver com os lagarto do bairro. O cara ergueu na foice o inquilino porque ele estava expressando sua opinião. E foi o locatário que se fudeu ainda, a polícia fez assinar termo circunstancial e o escambal!

Quando Aleister Crowley invocou Nuit disse que esta seria a "Era da Lei do Forte", onde quem tivesse piedade padeceria, onde a Besta do Apocalipse se incorporaria nos seres mais vis e sem piedade. A maldade se invoca entre os gananciosos e nos sentimentos da Babilônia.


Lagarto Tejú
(répteis Tupinambis, da família Teiidae)
típico do sertão do Paraná
Estudar a violência do homem se tornou uma opção desse veículo de comunicação no sertão do Paraná, mas isso ao momento que a violência explica a realidade atual. Esse é o degladeio do sertão. Nosso contato com o Ser Supremo se torna fundamental, mas o degladeio até o fim não tem volta.  
Aí que é triste!  "Dois pé no peito" como diria o Tigre e lagarto quebrando horta com o rabo, "foi-se minhas couve, piazada"!
A trilogia "Apocalipe no Sertão" se findará com alguns acontecimentos que poderão ser evitados e não devemos implorar a Deus para que não aconteçam, devemos lutar por nossos ideais e nos unir contra o que for e contra quem for. Não somos dragões, nem bestas feras. Somos a resistência no taquaral! Somos lagartos do Apocalipse!

quinta-feira, 23 de agosto de 2012

O Apocalipse do Sertão - Quinta Porteira: O Livro de São Cipriano na mão do Boca de Lavage (Vomitando 666 na geada)

por Tigre e Pocai

"A noite era negra, não adiantava impedir
Pois eu só tinha de ver, alguém estava me observando
Na neblina figuras escuras se moviam e rodopiavam
Seria tudo isso de verdade ou algum tipo de inferno
666 o número da besta
Inferno e fogo foram gerados para serem liberados"
(trecho de "Number of the Beast" de Iron Maiden)
inspirou os Beatles, Jimmy Page do
Led Zeppelin, Ozzy Osboune
e até Raul Seixas com sua magia.
Apesar de ser uma letra de uma conhecida banda de Heavy Metal, essas poderiam muito bem ser as palavras daquele piá de bosta, amaldiçoado e lombriguento da cidade de Mangueirinha. Acostumado a andar com um bodoque no pescoço que usava pra caçar pomba do mato, pés descalços, camiseta encardida. Fez catequese, mááá é claro que foi expulso por descer o barranco da paróquia com um papelão na bunda.

Boca de Lavagem, questionava tudo, as ordens da família, da escola e da igreja. Certa vez, olhou pro professor que dava ordens de decoréba para a turma, os playboyzinhos do fundo davam risadas e caguetaram o piá por ele estar de pé descalço na sala de aula. O professor Genaro moeu os dedo do piá com uma palmatória, a empolgação do mestre foi tanta que chegou a se cagar tudo na frente dos alunos, al mestre passou a ser conhecido entre os alunos como Mestre Churrio de Pato.

O jovem era negado onde ia, certa vez levou um tundão do bodegueiro, véio Adão, porque estava com seu bodoque. "Vô te dá uma camassada de pau sim, piá lazarento, tu tava tacando pedra nas galinha", dizia o véio enquanto descia o reio no lombo do piá, que mais tarde fugiu de onde morava, vila Esperança, chamada popularmente de vila do Amor do Facão, foi pro mato, cortou a cidade até chegar esgualepado no Tijuco Preto.
Meia-noite, lua cheia.

Este curandeiro está "extraindo"
uma enfermidade, introduzida por
magia no corpo do doente.
Morto a pau, ele adormecia até ser acordado assustado com uma bola de fogo carmareando por meio do mato, clarão parecia dia. Acreditavam que essa bola de fogo era o boi-tatá querendo "barranquear" a mula-sem-cabeça.

O xamã Condázinho acreditou que aquele piá era o Curupira, dada as suas características: pés tortos descalços, quase pelado com a roupa que é um fiapo e tudo descabelado virado em praga. O piá morto de fome, foi parar na aldeia do curandeiro que logo ia servir um chá de guavirova pra dá uma "sustança" no garraio. Só que sem querer serviu o chá de chacrona com ariri. O piá foi dormir e já teve umas visão, saiu vomitando as tripa na geada. E o vômito que tinha umas cabeça de pomba branca pelo meio, derreteu o gelo formou três 3 números: 666.

Deitou de olhos fechados na réstia da lua cheia, um frio do diabo, mas ele ali, muito loco, tendo todos os tipos de alucinaçôes. Beleza, até que ele voltou pra dentro da oca com uma larica e logo foi metendo pra dentro uns cogumelos azuis que tavam pendurado defumando num altar que apenas tinha um santo de madeira.

Pronto, feita a cagada. O piá saiu pra fora e deitou num bambuzal... Aaaaah má foi ali mesmo que rolou o bacanal. Boca de Lavagê não conta, guarda pra si sua experiência, mas transou com mais de 120 entidades espirituais falando os mais estranhos palavreados, um verdadeiro Pentecostes do sertão. "Pica na xereca", como diria o véio Arduíno, pau comeu e o piá dali 5 minuto com a Iara e a Pomba Gira ele já nem sabia o que era cabaço.

Voltou pra dentro da oca de novo, meio tongo ainda, mas já tava ligado na situação. Trupico numa raiz de cinamão, saiu tastaviando, quebro uma panela de barro e dentro dela saiu o "Livro da Lei" de Aleister Crowley - a obra havia sido moqueada ali pelo Nego Podre de Loko, um macumbeiro da região que fazia uns brique da "erva do diabo" com Condázinho. Com o nariz estoporado, pingando sangue, Boca de Lavage começou a leitura, e no meio da reflexão do verso "O amor é a lei mas amor sob Vontade", o xamã entra putiado da cara com aquele degladeio na oca e diz: 

-Polaco, tu é forte cara! - Mááá também, o piá sangrando o nariz que nem um porco faqueado debruçado na leitura.

Logo Condázinho elegeu Boca de Lavage como preparador físico do time do Colorado, o time dos Kaingang que estava disputando a 5a. Divisão da Taça Lira e que vinha sofrendo vergonhosas derrotas. A madeireira Dias, que a galera chamava de "Diabão", tinha o time líder da taça e tinha também como empresário o fazendeiro Arcindo que comprava os juízes e mandava os seus jogadores darem pau nos adversários.

Só que os Kaingang não eram fraco, não usavam qualquer tipo de calçado. Pé descalço e o lema era: "se não ganhamo no campo, ganhamo no braço". Gol roubado pro Diabão faz o jogo terminar em 1x0, causando natural revolta entre os Kaingang que se fincaram na bordoada tomando pinga e chegando na voadora pra cima do juiz

O véio Turíbio Dias viu que o pau ia comer pro lado dele, metido a ler o livro de São Cipriano, sacrificar gatos cozinhados vivos dentro da panela e amarrar boca de sapo em seus rituais de magia negra, foi cobrar de Boca de Lavagê a atitude de seus jogadores. O piá soltou sua última profecia da boca de porco

O Livro da Lei
-Tu não é o bãozão, metido a tomá terra dos meus irmãos de sangue, pegar a muié deles a laço no mato?! Passarinho que come pedra sabe o cu que tem.

Boca de Lavagê olhou para o atacante matador do time, Varitão, que estava com facão de "desgaiá" erva-mate, apontou para o véio Dias e disse:

- FAÇA O QUE TU QUERES POIS É TUDO DA LEI!

Ojuara

por Antonio Paulo Benatte

O poeta é como o andrarilho,
escreve cada palavra como se
desse um passo de cada vez.
Eu vim de longe, eu vou em frente
No verso, no reverso do repente
Que pra seguir nessa lida
Tem que ser forte ou valente

Ou nascido no sertão
(o sertão que é em toda parte)
Que pra vencer o tinhoso
Tem que ter muita arte
Pra dobrar o beiçudo
Tem que ser Malazarte 

E ver beleza até na morte
E feiura até na arte
Que uma e outra mora
Nos olhos de quem contempla 

E no improviso do repente
A rima vence a sina
Do engano que me tenta
Porque Deus é mais forte
Do que o diabo pensa 

Que nem tudo tá no livro
Tem coisa que é da cabeça
Tem coisa que é da sabença
Das artes que o povo inventa
Que o povo é mais instruído
Do que muito doutor pensa. 

Plavras do autor:
Agradeço a todos os amigos & à minha família que de perto & de longe & mesmo das Orópa mandaram felicitações pelo meu níver, o que fez o meu dia extremamente feliz. Para agradecer a estima, mando um poeminha cometido de última hora com o Fábio Lachinski, poeta aqui dos Campos Gerais dos Paranás, e com o Felipe Soares, lutador das causas do povo. Abraços & beijos.

terça-feira, 7 de agosto de 2012

Bolo psicodélico pra matar a larica da piazada

Bromélia-a-a-a-a-a - bromelis carletensis
chopinianis du degladeius naturalis.
Degladeio natural do sertão,
segundo Celsinho : "nasce
especificamente em nossa região,
é endêmica da ilha do Carleto - Rio Chopim.
Com a construção de usinas na localidade
essa será mais uma espécie ameaçada
de extinção".
Muitos perguntam quais são inspirações desse blog, daonde tiramos essas doideiras. A resposta não está em nós, mas apesar do que muitos pensam não buscamos a PSICODELIA nas drogas sintéticas e nos paraísos artificiais formados de goles coloridos, luzes negras ou nos lasers. Ao serem criados esses ambientes, cria-se uma segunda natureza que nunca substituirá a primeira... A inspiração, a verdadeira psicodelia ocorre no fogo da roda de viola que produz entre suas chamas todas as cores e outras mais invisíveis ao olho humano, no som das águas que caem entre as rochas, na sabedoria do bater das asas da coruja no breu da noite, na lua cheia que mingua e diminui, na geada que banqueia os campos, na brisa da poesia ecoada no vale, nas raízes da araucária - Árvore-mãe do sertão, no verde do mate, no cachimbo do caboclo que pita "fumo estranho", no preto-azulado do libelo do cogumelo, no abrir do arco-íris atrás do horizonte e no éter do seu coração explodindo em sintonia na experiência com todos os acontecimentos criados por Deus! AHOOOOO!!!

Filhote de Lobo Guará 

(Chrysocyon brachyurus)
machão?
não passo de um guri,
bombadão?
sou só um piá de bosta,
dou aula?
na vida sou só aprendiz,
bicho do mato?
não não, ainda sou lobinho...


(foto retirada do portal: https://www.facebook.com/animal.story)
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Gnomos, amigos da Mãe-Natureza

No sertão, entre as araucárias e os criciumal existem vários grupos de duendes ligados às plantas, os sátiros, as dríades, as hamadríades, os durdalis, os elfos e os "homenzinhos velhos das florestas". Muitos desses elementais são habitantes indígenas das substâncias em que trabalham, essas são medicinais e servem aos seres humanos como remédios naturais. Cada arbusto, planta ou flor tem o seu espírito de natureza, que freqüentemente usa o corpo físico da planta como sua habitação. Os antigos filósofos, reconhecendo o princípio da inteligência que se manifesta analogamente em cada setor da natureza, acreditavam que a qualidade da seleção natural, exibida por criaturas que não possuíam mentalidades organizadas para tanto, expressavam decisões dos próprios espíritos da natureza. Assim, em defesa da planta que habitava, o elemental aceitava ou rejeitava elementos alimentícios, depositava na planta matérias colorantes, preservava e protegia a semente, e realizava muitos outros serviços benéficos. Cada espécie era servida por um tipo diferente, porém apropriado, de espírito da natureza. Aqueles que trabalhavam com cogumelos venenosos, por exemplo, tinham aparência ofensiva. As grandes árvores também têm seus espíritos da natureza, mas estes são muito maiores que os das plantas pequenas.

São frequentes os causos de motosserras largadas no meio do mato e que não funcionaram, machados que pareciam afiados mas nem fazem cócegas nas árvores e cavalos que são do nada desamarrados e fogem dos cortadores de lenha... Serão apenas acaso ou artimanhas do funcionários da Mãe-Natureza??? RESPEITE A NATUREZA E JAMAIS PENSE QUE NÃO TEM NINGUÉM POR ELA!
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Guilhermino: "E não é que minha vó andou tomando meu chá, mas depois de eu fumar um 'paiero' ela fez um bolo psicodélico pra matar a larica"

sexta-feira, 3 de agosto de 2012

Doutor da Roça

Vemos a História fica nos calos
da mão, no cheiro, no sabor...
Somente assim podemos
entender o quão complicada é
a vida, ao mesmo tempo que
é tão complicada...
Sonhos, desejos, utopias...
Como diria o hippie Rauli na praça:
"Temos que ter a arte de sorrir toda
vez que a vida diz 'não' ".
Aqui ninguém tem pena de urubu mole não, Nada aqui tem cheiro de casa limpa. Casa, aqui, só se for a casa do cachorro, Se tu tiver estômago de continuar na luta, Que quando a coisa fica preta é que a vaca estribucha, O berro é sempre pra dentro e surdo, A fossa eternamente aberta dos costumes. Quem é menos burro se coça e corre atrás dos perfumes. Casa pra mim é bodega na volta da roça, Aconchego só se for da enxada, cigarro na varanda, sol de oitenta graus, Nem vem falar de litoral que frescura não põe comida na mesa, Eu que não sou besta de folgar com milharal alto!
Aqui todo mundo tem chance de ganhar a vida, a terra é boa pra quem não tem preguiça, A preguiça é à toa e emburrece a lida, Peão que vai pra cidade é que volta assim, Abestado, fica assim embasbacado, tipo agente federal que bate na porta vê a enxada e pergunta no que eu trabalho, Ora!, esse povo da cidade é retardado. Nunca assinei papel, nem ao acaso meu tropel foi bater numa prefeitura, esse negócio de escritura pra mim é no aço, na bala e no facão, Povo sem noção esse que pergunta e anota, Anotar o que? pra que? se é a enxada que põe barriga cheia!
Aqui não tem funcionário público, ninguém pega doença de suburbio, Periferia aqui é a casa do vizinho que fica do outro lado da estrada do potreiro, Cusco matreiro a gente ensina no laço, que a espora da vida é demasiado frouxa pra certos alguns, Esses urubus de casca mole, essa vida estúpida e escorregadia de quem esfrega na cara dos dias o tênis novo que a prateleira usa. E esses papos de USA? Aqui ninguém escreve, mas falar a gente fala, e fala na cara, porque o que a gente tem de ruim, é o ruim que vem de fora, essa gente desaforada que fala fala fala e não se entende nada. Aqui ninguém tem pena de urubu mole não, doutor!

por Thiago Orlandin
http://thiiiorlandin.wordpress.com