segunda-feira, 27 de agosto de 2012

SertãoNews: Babilônia em chamas e Lagartos do sertão do Paraná

27 de Agosto de 2012

O último degladeio dos brancos com
os nativos foi desse jeito
("Conquista dos Campos de Guarapuava"
de José de Miranda, século XVIII).
Na Boca do Sertão - Placa de política vira em Degladeio em Guarapuava:
por Leandro Czerniaski e Roberto Pocai

Tem um pessoal que quer falar em respeito, educação, igualdade, liberdade... Pelamor, não conseguem nem conviver com os lagarto do bairro. O cara ergueu na foice o inquilino porque ele estava expressando sua opinião. E foi o locatário que se fudeu ainda, a polícia fez assinar termo circunstancial e o escambal!

Quando Aleister Crowley invocou Nuit disse que esta seria a "Era da Lei do Forte", onde quem tivesse piedade padeceria, onde a Besta do Apocalipse se incorporaria nos seres mais vis e sem piedade. A maldade se invoca entre os gananciosos e nos sentimentos da Babilônia.


Lagarto Tejú
(répteis Tupinambis, da família Teiidae)
típico do sertão do Paraná
Estudar a violência do homem se tornou uma opção desse veículo de comunicação no sertão do Paraná, mas isso ao momento que a violência explica a realidade atual. Esse é o degladeio do sertão. Nosso contato com o Ser Supremo se torna fundamental, mas o degladeio até o fim não tem volta.  
Aí que é triste!  "Dois pé no peito" como diria o Tigre e lagarto quebrando horta com o rabo, "foi-se minhas couve, piazada"!
A trilogia "Apocalipe no Sertão" se findará com alguns acontecimentos que poderão ser evitados e não devemos implorar a Deus para que não aconteçam, devemos lutar por nossos ideais e nos unir contra o que for e contra quem for. Não somos dragões, nem bestas feras. Somos a resistência no taquaral! Somos lagartos do Apocalipse!

quinta-feira, 23 de agosto de 2012

O Apocalipse do Sertão - Quinta Porteira: O Livro de São Cipriano na mão do Boca de Lavage (Vomitando 666 na geada)

por Tigre e Pocai

"A noite era negra, não adiantava impedir
Pois eu só tinha de ver, alguém estava me observando
Na neblina figuras escuras se moviam e rodopiavam
Seria tudo isso de verdade ou algum tipo de inferno
666 o número da besta
Inferno e fogo foram gerados para serem liberados"
(trecho de "Number of the Beast" de Iron Maiden)
inspirou os Beatles, Jimmy Page do
Led Zeppelin, Ozzy Osboune
e até Raul Seixas com sua magia.
Apesar de ser uma letra de uma conhecida banda de Heavy Metal, essas poderiam muito bem ser as palavras daquele piá de bosta, amaldiçoado e lombriguento da cidade de Mangueirinha. Acostumado a andar com um bodoque no pescoço que usava pra caçar pomba do mato, pés descalços, camiseta encardida. Fez catequese, mááá é claro que foi expulso por descer o barranco da paróquia com um papelão na bunda.

Boca de Lavagem, questionava tudo, as ordens da família, da escola e da igreja. Certa vez, olhou pro professor que dava ordens de decoréba para a turma, os playboyzinhos do fundo davam risadas e caguetaram o piá por ele estar de pé descalço na sala de aula. O professor Genaro moeu os dedo do piá com uma palmatória, a empolgação do mestre foi tanta que chegou a se cagar tudo na frente dos alunos, al mestre passou a ser conhecido entre os alunos como Mestre Churrio de Pato.

O jovem era negado onde ia, certa vez levou um tundão do bodegueiro, véio Adão, porque estava com seu bodoque. "Vô te dá uma camassada de pau sim, piá lazarento, tu tava tacando pedra nas galinha", dizia o véio enquanto descia o reio no lombo do piá, que mais tarde fugiu de onde morava, vila Esperança, chamada popularmente de vila do Amor do Facão, foi pro mato, cortou a cidade até chegar esgualepado no Tijuco Preto.
Meia-noite, lua cheia.

Este curandeiro está "extraindo"
uma enfermidade, introduzida por
magia no corpo do doente.
Morto a pau, ele adormecia até ser acordado assustado com uma bola de fogo carmareando por meio do mato, clarão parecia dia. Acreditavam que essa bola de fogo era o boi-tatá querendo "barranquear" a mula-sem-cabeça.

O xamã Condázinho acreditou que aquele piá era o Curupira, dada as suas características: pés tortos descalços, quase pelado com a roupa que é um fiapo e tudo descabelado virado em praga. O piá morto de fome, foi parar na aldeia do curandeiro que logo ia servir um chá de guavirova pra dá uma "sustança" no garraio. Só que sem querer serviu o chá de chacrona com ariri. O piá foi dormir e já teve umas visão, saiu vomitando as tripa na geada. E o vômito que tinha umas cabeça de pomba branca pelo meio, derreteu o gelo formou três 3 números: 666.

Deitou de olhos fechados na réstia da lua cheia, um frio do diabo, mas ele ali, muito loco, tendo todos os tipos de alucinaçôes. Beleza, até que ele voltou pra dentro da oca com uma larica e logo foi metendo pra dentro uns cogumelos azuis que tavam pendurado defumando num altar que apenas tinha um santo de madeira.

Pronto, feita a cagada. O piá saiu pra fora e deitou num bambuzal... Aaaaah má foi ali mesmo que rolou o bacanal. Boca de Lavagê não conta, guarda pra si sua experiência, mas transou com mais de 120 entidades espirituais falando os mais estranhos palavreados, um verdadeiro Pentecostes do sertão. "Pica na xereca", como diria o véio Arduíno, pau comeu e o piá dali 5 minuto com a Iara e a Pomba Gira ele já nem sabia o que era cabaço.

Voltou pra dentro da oca de novo, meio tongo ainda, mas já tava ligado na situação. Trupico numa raiz de cinamão, saiu tastaviando, quebro uma panela de barro e dentro dela saiu o "Livro da Lei" de Aleister Crowley - a obra havia sido moqueada ali pelo Nego Podre de Loko, um macumbeiro da região que fazia uns brique da "erva do diabo" com Condázinho. Com o nariz estoporado, pingando sangue, Boca de Lavage começou a leitura, e no meio da reflexão do verso "O amor é a lei mas amor sob Vontade", o xamã entra putiado da cara com aquele degladeio na oca e diz: 

-Polaco, tu é forte cara! - Mááá também, o piá sangrando o nariz que nem um porco faqueado debruçado na leitura.

Logo Condázinho elegeu Boca de Lavage como preparador físico do time do Colorado, o time dos Kaingang que estava disputando a 5a. Divisão da Taça Lira e que vinha sofrendo vergonhosas derrotas. A madeireira Dias, que a galera chamava de "Diabão", tinha o time líder da taça e tinha também como empresário o fazendeiro Arcindo que comprava os juízes e mandava os seus jogadores darem pau nos adversários.

Só que os Kaingang não eram fraco, não usavam qualquer tipo de calçado. Pé descalço e o lema era: "se não ganhamo no campo, ganhamo no braço". Gol roubado pro Diabão faz o jogo terminar em 1x0, causando natural revolta entre os Kaingang que se fincaram na bordoada tomando pinga e chegando na voadora pra cima do juiz

O véio Turíbio Dias viu que o pau ia comer pro lado dele, metido a ler o livro de São Cipriano, sacrificar gatos cozinhados vivos dentro da panela e amarrar boca de sapo em seus rituais de magia negra, foi cobrar de Boca de Lavagê a atitude de seus jogadores. O piá soltou sua última profecia da boca de porco

O Livro da Lei
-Tu não é o bãozão, metido a tomá terra dos meus irmãos de sangue, pegar a muié deles a laço no mato?! Passarinho que come pedra sabe o cu que tem.

Boca de Lavagê olhou para o atacante matador do time, Varitão, que estava com facão de "desgaiá" erva-mate, apontou para o véio Dias e disse:

- FAÇA O QUE TU QUERES POIS É TUDO DA LEI!

Ojuara

por Antonio Paulo Benatte

O poeta é como o andrarilho,
escreve cada palavra como se
desse um passo de cada vez.
Eu vim de longe, eu vou em frente
No verso, no reverso do repente
Que pra seguir nessa lida
Tem que ser forte ou valente

Ou nascido no sertão
(o sertão que é em toda parte)
Que pra vencer o tinhoso
Tem que ter muita arte
Pra dobrar o beiçudo
Tem que ser Malazarte 

E ver beleza até na morte
E feiura até na arte
Que uma e outra mora
Nos olhos de quem contempla 

E no improviso do repente
A rima vence a sina
Do engano que me tenta
Porque Deus é mais forte
Do que o diabo pensa 

Que nem tudo tá no livro
Tem coisa que é da cabeça
Tem coisa que é da sabença
Das artes que o povo inventa
Que o povo é mais instruído
Do que muito doutor pensa. 

Plavras do autor:
Agradeço a todos os amigos & à minha família que de perto & de longe & mesmo das Orópa mandaram felicitações pelo meu níver, o que fez o meu dia extremamente feliz. Para agradecer a estima, mando um poeminha cometido de última hora com o Fábio Lachinski, poeta aqui dos Campos Gerais dos Paranás, e com o Felipe Soares, lutador das causas do povo. Abraços & beijos.

terça-feira, 7 de agosto de 2012

Bolo psicodélico pra matar a larica da piazada

Bromélia-a-a-a-a-a - bromelis carletensis
chopinianis du degladeius naturalis.
Degladeio natural do sertão,
segundo Celsinho : "nasce
especificamente em nossa região,
é endêmica da ilha do Carleto - Rio Chopim.
Com a construção de usinas na localidade
essa será mais uma espécie ameaçada
de extinção".
Muitos perguntam quais são inspirações desse blog, daonde tiramos essas doideiras. A resposta não está em nós, mas apesar do que muitos pensam não buscamos a PSICODELIA nas drogas sintéticas e nos paraísos artificiais formados de goles coloridos, luzes negras ou nos lasers. Ao serem criados esses ambientes, cria-se uma segunda natureza que nunca substituirá a primeira... A inspiração, a verdadeira psicodelia ocorre no fogo da roda de viola que produz entre suas chamas todas as cores e outras mais invisíveis ao olho humano, no som das águas que caem entre as rochas, na sabedoria do bater das asas da coruja no breu da noite, na lua cheia que mingua e diminui, na geada que banqueia os campos, na brisa da poesia ecoada no vale, nas raízes da araucária - Árvore-mãe do sertão, no verde do mate, no cachimbo do caboclo que pita "fumo estranho", no preto-azulado do libelo do cogumelo, no abrir do arco-íris atrás do horizonte e no éter do seu coração explodindo em sintonia na experiência com todos os acontecimentos criados por Deus! AHOOOOO!!!

Filhote de Lobo Guará 

(Chrysocyon brachyurus)
machão?
não passo de um guri,
bombadão?
sou só um piá de bosta,
dou aula?
na vida sou só aprendiz,
bicho do mato?
não não, ainda sou lobinho...


(foto retirada do portal: https://www.facebook.com/animal.story)
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Gnomos, amigos da Mãe-Natureza

No sertão, entre as araucárias e os criciumal existem vários grupos de duendes ligados às plantas, os sátiros, as dríades, as hamadríades, os durdalis, os elfos e os "homenzinhos velhos das florestas". Muitos desses elementais são habitantes indígenas das substâncias em que trabalham, essas são medicinais e servem aos seres humanos como remédios naturais. Cada arbusto, planta ou flor tem o seu espírito de natureza, que freqüentemente usa o corpo físico da planta como sua habitação. Os antigos filósofos, reconhecendo o princípio da inteligência que se manifesta analogamente em cada setor da natureza, acreditavam que a qualidade da seleção natural, exibida por criaturas que não possuíam mentalidades organizadas para tanto, expressavam decisões dos próprios espíritos da natureza. Assim, em defesa da planta que habitava, o elemental aceitava ou rejeitava elementos alimentícios, depositava na planta matérias colorantes, preservava e protegia a semente, e realizava muitos outros serviços benéficos. Cada espécie era servida por um tipo diferente, porém apropriado, de espírito da natureza. Aqueles que trabalhavam com cogumelos venenosos, por exemplo, tinham aparência ofensiva. As grandes árvores também têm seus espíritos da natureza, mas estes são muito maiores que os das plantas pequenas.

São frequentes os causos de motosserras largadas no meio do mato e que não funcionaram, machados que pareciam afiados mas nem fazem cócegas nas árvores e cavalos que são do nada desamarrados e fogem dos cortadores de lenha... Serão apenas acaso ou artimanhas do funcionários da Mãe-Natureza??? RESPEITE A NATUREZA E JAMAIS PENSE QUE NÃO TEM NINGUÉM POR ELA!
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Guilhermino: "E não é que minha vó andou tomando meu chá, mas depois de eu fumar um 'paiero' ela fez um bolo psicodélico pra matar a larica"

sexta-feira, 3 de agosto de 2012

Doutor da Roça

Vemos a História fica nos calos
da mão, no cheiro, no sabor...
Somente assim podemos
entender o quão complicada é
a vida, ao mesmo tempo que
é tão complicada...
Sonhos, desejos, utopias...
Como diria o hippie Rauli na praça:
"Temos que ter a arte de sorrir toda
vez que a vida diz 'não' ".
Aqui ninguém tem pena de urubu mole não, Nada aqui tem cheiro de casa limpa. Casa, aqui, só se for a casa do cachorro, Se tu tiver estômago de continuar na luta, Que quando a coisa fica preta é que a vaca estribucha, O berro é sempre pra dentro e surdo, A fossa eternamente aberta dos costumes. Quem é menos burro se coça e corre atrás dos perfumes. Casa pra mim é bodega na volta da roça, Aconchego só se for da enxada, cigarro na varanda, sol de oitenta graus, Nem vem falar de litoral que frescura não põe comida na mesa, Eu que não sou besta de folgar com milharal alto!
Aqui todo mundo tem chance de ganhar a vida, a terra é boa pra quem não tem preguiça, A preguiça é à toa e emburrece a lida, Peão que vai pra cidade é que volta assim, Abestado, fica assim embasbacado, tipo agente federal que bate na porta vê a enxada e pergunta no que eu trabalho, Ora!, esse povo da cidade é retardado. Nunca assinei papel, nem ao acaso meu tropel foi bater numa prefeitura, esse negócio de escritura pra mim é no aço, na bala e no facão, Povo sem noção esse que pergunta e anota, Anotar o que? pra que? se é a enxada que põe barriga cheia!
Aqui não tem funcionário público, ninguém pega doença de suburbio, Periferia aqui é a casa do vizinho que fica do outro lado da estrada do potreiro, Cusco matreiro a gente ensina no laço, que a espora da vida é demasiado frouxa pra certos alguns, Esses urubus de casca mole, essa vida estúpida e escorregadia de quem esfrega na cara dos dias o tênis novo que a prateleira usa. E esses papos de USA? Aqui ninguém escreve, mas falar a gente fala, e fala na cara, porque o que a gente tem de ruim, é o ruim que vem de fora, essa gente desaforada que fala fala fala e não se entende nada. Aqui ninguém tem pena de urubu mole não, doutor!

por Thiago Orlandin
http://thiiiorlandin.wordpress.com