quinta-feira, 26 de julho de 2012

Na época em que o pau torava: As Serrarias de Pato Branco.

            As décadas de 40, 50 e 60 foram os grandes ciclos da madeira no sudoeste do Paraná, e em Pato Branco não foi diferente.
Segundo Roberto Pocai: "nessa
época o pau torava, mááá torava mesmo,
é frequente vermos fotos
da gurizada de antigamente posando
em volta de árvores milenares derrubadas".
            Na sede do povoado e depois na vila e na cidade proliferavam dezenas e dezenas de serrarias, pequenas e médias. A grande maioria era movida por locomoveis, grandes maquinas movidas a vapor alimentados por queima de lenha. Outras eram movidas por rodas d’ água , exemplo a Serraria do Bortot.
            As serrarias serravam principalmente o pinheiro (araucária), as madeiras chamadas de madeiras de lei, sendo cedro vermelho e branco, Angico, Guajivira, Cabriúva, Canafrista, Embuia ( na região de Palmas e Mangueirinha), canela guaica e canela preta, soita cavalo, cambuatá e outras.
Em Pato Branco nessa época havia mais ou menos 114 serrarias e laminadoras, no centro e na periferia, no local aonde hoje se localiza o super mercado Center centro, ficava uma grande empresa madereira, chamada Madereira e Serraria Pato Branco.
            Havia ainda as serrarias dos Bertol, Viganó, Chioqueta, Piassa, Ruaro, Viecilli,Decol,Triques,Martineiro,Mesaroba,Vinhaski,Tirloni,Bonato,Ferrarini,Gulgemin,Fiorentin,Parzianelo,Geron e muitas outras, também existia muitas laminadoras.
 Nessa época era o grande ciclo da madeira que se vivia aqui em Pato Branco, esta madeira era transportada e vendida nos grandes centros do País, por exemplo São Paulo, Rio de Janeiro, Curitiba .Muitas empresas de transporte foram formadas aqui, assim como um grande numero de caminhoneiros autônomos foram se formando para fazerem o transporte.
            Dentre estes caminhoneiros podemos citar os nomes de , Euclides Fraron, Primo Lavarda, Fermino Vieira, Fiorelo Montemezzo, Chico Montemezzo, Avelino Chioqueta, Carlinhos Caldart, Luiz Piva,Onofre Piva,Aldo Valentin Pastro, Arlindo e Lauri Manfroi, Juvenil Montenezzo, Eugenio Scalabrim, Adelar Guerro, Irineu Manfroi, Danilo Cauton, Fibrino Fabiani, Nelson J. Geron e seus irmãos.
            Muitos outros caminhoneiros foram os que ajudaram no crescimento de Pato Branco e não caberia aqui todos os nomes deles.
            No local aonde esta localizada a Rodoviária de Pato Branco instalou-se no final dos anos 50 a serraria do Senhor Mordarski, que ficou instalada por mais de 10 anos, depois no mesmo local foi instalada a serraria do Senhor Graciano Camozzato e Vandrili Teli funcionando até o começo dos anos 80, esta ultima serraria vendia a madeira para exportação, ela era transportada até Porto Alegre e depois para fora do País.
            Nessa época até as donas de casa não necessitavam de relógio, pois as 10 horas da manhã os locomoveis das serrarias apitavam, e essa era a hora de começar a preparar o almoço. As 12 horas novamente apitava e ai arrumava-se a mesa, pois o almoço já estava pronto. 
            Assim as serrarias deram um grande impulso a Pato Branco e a toda região do Sudoeste do Paraná.
            Hoje em dia quando Pato Branco esta comemorando a chegada dos seus 60 anos , não existe mais ou são escassas as serrarias, a não ser as pequenas serrarias como a de Osvaldo Ruaro ( O nego).
                        Hoje as poucas serrarias existentes são movidas a eletricidade , não tendo mais os apitos peculiares que pareciam trens.  

texto de Alexsander Guerios e Olaumir Pedro Guerios (Tio Tuka).
 

segunda-feira, 23 de julho de 2012

Velório de pobre, morre Zé das Cove (da vida a gente não leva nada)

Cemitério do Barranco, Linha Nossa Senhora do Caravaggio.

padre gago,
bíblia rasgada,
viúva fiasquenta,
 

cheiro de suvaco, 
caxão de papelão,
cemitério no barranco,

beberam o morto altazoras,
bêbado caindo por cima do povo,
carpideira fincando colírio no "zóio",
cunhado pedindo dinhero emprestado,
Nego Zaroio fazendo brique de gaiola por papagaio no meio do sermão,
os "fio" se tramelando no facão por causa da herança (um burro e uma carroça)
foram enterrar o morto tropicaram no barranco, caiu um garraio dentro da cova...


Enterraram junto o piá... Velório de pobre é embaçado, hoje morre o caboclo Zé das Cove, 80 anos no lombo, 68 anos capinando num lotezinho de 15x15 onde plantava couve-flor, alface, abóbrinha e alho. Levou um balaço no peito durante uma briga no bar do Potiguara, ele nem tinha nada que ver, só foi pegar um leite fiado pra dar pro seu piazinho.

Zé não vai receber nome de rua, nem receber monção honrosa na câmara, seu velório é humilde, palpérrimo, cheio de confusão, mas a saudade da família é grande, hoje eles voltam pra casa sem ver o "vétio" com a cuia na mão, sorrindo pro nada, sem seu abraço apertado e suas prosas que brilhavam os "zóio dos fio" de alegria
.

O homem que plantava, agora é plantado, pra virar adubo... Fica a saudade, porque de resto é como ele mesmo dizia: "da vida a gente não leva nada".



Se alimentou bem hoje? Então agradeça ao produtor rural
(não o latifundiário que planta soja,
mas sim o pequeno produtor)




terça-feira, 17 de julho de 2012

Vitorino: Uma História feita de Lembranças

Gracias a Roberto Pocai por invitarme a participar de este blog.
En el libro Vitorino: Uma História feita de Lembranças, publicado em Dezembro de 2003, eu e o Professor Jaime José Bertol vasculhamos as memórias do interior e da cidade. Com base em entrevistas com moradores antigos (gravadas para manter na grafia a pronúncia original) e, em documentos que remontam à Real Expedição ordenada por D. João VI em 1836 para a ocupação dos Campos de Palmas. Aos poucos trarei pequenos relatos deste livro, entre eles:
1-A verdadeira história do Índio Vitorino;
2-Como surgiu a Serra da Fartura;
3-Como as terras foram ocupadas;
4-Quem foram os primeiros moradores e de onde vieram;
5-Como eram as casas, os bailes, os casamentos, os velórios;
6-As famosas visitas dos padres;
7-Como os porcos eram tropeados;
9-A primeira escolinha de futebol e os vários times e campeonatos;
10-Os resultados de todas as eleições para Prefeito e Vereadores desde a emancipação em 29 de Novembro de 1961.

E aí vai. Tem cada locurage que é de sartá butiá dos borso (cada borso é um saco de 60kg, como dizia o Zé do Pito).
Leandro Zago.

terça-feira, 10 de julho de 2012

sertão news: Degladeio na Festa Junina de Mangueirinha

Tigre é acostumado a presenciar degladeios
fortes entre metaleiros e roqueiros,
mas assume que nada de compara
às Festa Juninas de MangueCity.
Mangueirinha, 27 de junho de 2012.

Nosso novo correspondente vindo da Terra dos Kaingang, o Sensei Ed Motta Tigre ligou ao vivo na nossa redação e fincou pra nós um relato advindo dum dos maiores degladeios do interior do Paraná: A FESTA JUNINA DA PARÓQUIA IMACULADA CONCEIÇÃO DE MANGUEIRINHA!!!


"Piazada do céu, aqui o pau tá torando!!! Casca de pinhão pra todo lado,
cerveja quente, mulherada sapatiando por cima das latinha e o vanerão comendo solto!
A piazada dando tapa na bunda das "novinha". Acabei de entrevistar o gaiteiro do degladeio, Zé da Gaita: "estamos no fim do respeito, esses piá de bosta, logo vô erguê no cacete, as festa de hoje em dia não são como antigamente, agora a piazada anda muito marota, já fincando dedo na xana das minina, querendo ver o pau torá cedo, não dá nem 11 hora da noite as menina de 12 ano já tão tudo grávida".
E quando você imaginava que era só os loco que tavam "beúdo" de quentão e que ia ter um atendimento que preste, nãããão, aí já é pedir demais. O home que vendia as ficha podre de looooooko, se monguiando, dando troco a mais, prejuízo pra Paróquia. E na hora de pegá a béra, você acha que era susse? Nããão, uma fila dos dianho, a piazada servindo cerveja com galocha pra não "moiá os pé e pegá friera".

Me boliei com uma china pro meio do salão intuiado de gente, negada se pisando nos garrão um do otro, o cheiro do povo era uma mistura de pinhão, suvaco e peido. Um respeito que vô te falá home do céu, os loco se cutucando, os otro se chamando de "fiadaputa".
 Os banhero virado em praga home, os mijadô intupido de naftalina, mas pra quê? Os loko mijam mais no chão do que nos mictório, os vaso intupido de vômito, troço e casca de pinhão. Sério home, não vô comê pinhão pro reeesto da vida.
Do lado de fora, um cabeludo levou um surdão na "oreia", enquanto as menina "oiavam" ele toca um Raul Seixas na Viola, o gringo Viriato desmontou o piá e falou: "seu pelego, isso é música de maconhero".
Uma catrefa de loko, tomando pinga de prástico, o polaco Nego Zorba com o facão moquiado na cinta, esperando algum piá sair sozinho pra puxar briga e pulá no loko. Zorba relatou: "como não achamo ninguém pra brigá, vamo se fincá no braço nóis memo já já, como de custume"
Quem não pegô muié, tameim quer arrumá briga. E é isso aí, começou o rolo de pau e foi meio que geral o fecha-pau na saída, entrevero de bordoado, risco de facão no calçamento, tirambaço de 22 pra cima, gritedo e diabaria.
 Os tranquera que começaram a briga correm pro mato, a polícia aparece mas prende só os "beúdo", os véio tchuco que tavam estirado no chão e não tinham nada a vê com o pexe.
Outros finalizam a noite na pracinha, tomando um gole na parceria. "3 da manhã, ainda é cedo" diz um deles, o outro responde "tá baaraaaato home". Pra variá, carro patinando, e já começa outro entrevero de pau, moto impinando, gritedo, estraveio de gente. Ihuuuuuuul!!!

...E de repente, a cidade volta a ficar deserta, pra onde esse povo foi ninguém sabe, ninguém viu, mas uma coisa é certa, depois que o gole pegou e o pessoal volta a ficar lúcido e sóbrio a união acaba.
Conforme você lê o post,
você percebe que nosso correspondente
foi ficando mais bêbado.
"Aqui falou Ed Motta Tigre para
a redação do SERTÃO NEWS"
.
Nada une a população de MangueCity, futebol não é consenso, religião não é consenso, política não é consenso... Chego a uma reflexão: Apesar da bebedeira, da violência descontrolada e da diabaria total, parece que o DEGLADEIO é o único momento em que a população está unida.
 

terça-feira, 3 de julho de 2012

Uma singela homenagem ao porteiro de zona: Leandro Czerniaski, nosso Correspondente Beltronense dos barranco da beirada do rio Marrecas

"A gente sai do mato
mas o mato não sai da gente"
Apavorando na conquista
do Tetra! Muita Treta!
Oh polaco, demonho do taquaral!

Home véio, que nesse dia você relembre todas tuas peleias e degladeios, celebrando na memória os desafios de viver nesse sertão amado e virado em praga.

Saboreie um mate caboclo e tente esquecer as velhas cagadas que tu fizeste nesse reboleio de bosta que é o mundão véio: as vezes que vocês se estrupiou de carrinho de rolimã nos morro, que tu caiu pelos barranco do rio Marrecas, os farrapo de ropa depois de pula a cerca e fica com as zorba presa nos arame, que tu enxeu a zorba depois de come os cogu da bosta dos boi, o chinaredo que você se boliou na zona e principalmente os tiro nas cueca que tu levou sendo Ricardão da madrugada...

Mas acima de qualquer bobera nossa, sorva esse mate e lembre desse piá de bosta que queria tá aí recebendo a próxima cuiarada e que te considera demais e deseja muita luz no seu caminho, muita paz no seu andar e muito amor onde você for.

Um abraço desse loko que te curte pra ca#$%io.

Juntos dos bugre do mato sapecando
pinhão na linha Cornélio Ribas
"Vamo se boliá"



Nem tem muito o que falar na verdade! Tu sabe piá que teu jeito humilde e tua simplicidade já falam muito por você! Vamo home, te convoco mais uma vez a se aventurar nessa Utopia que é o Paraná Véio de Deus!

domingo, 1 de julho de 2012

sertão news: Bioconstrução, plantas medicinais e o degladeio nas ruas de Pato Branco

Teia da vida (Hai-kai)

As árvores eram obstáculo,
o desejo era o progresso,
o sonho era vernáculo

Mas vimos nosso retrocesso,
vemos aí um grande tentáculo,
com um novo mundo sem excesso

Abandonamos as guerras,
fortalecemos as raízes,
plantando a semente na terra

Vimos nas plantas nossas cicatrizes,
e a dor produzidas pelas cerras,
Hoje não somos nada além de aprendizes,

Canelas, Cipós, mates, fruteiras, araucárias,
brotam no sonho na fruta amadurecida,
tudo apenas para nossa alegria diária,

Certezas abandonamos hoje somos quem duvida,
vemos o manto natural como nossa indumentária,
onde nossa verdadeira conexão forma a teia da vida.


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Pato Branco, 30 de junho de 2012

Chás que beneficiam a saúde e o bem estar, ecomoradias que provocam impacto zero no meio ambiente, os usos da astronomia para o conhecimento humano... Isso e muito mais foram as discussões presentes no 1o. ENCONTRO PATO-BRANQUENTE SOBRE BIOCONSTRUÇÃO, PLANTAS MEDICINAIS E ASTRONOMIA.

Uma grande oportunidade não só para pensarmos nossa ação sobre o meio ambiente, mas também para descobrirmos que é em harmonia com a NATUREZA que podemos trazer soluções para nosso dia a dia.

Ainda assim, muito além de apenas otimizarmos o futuro, precisamos repensar medidas pra mudar a realidade no presente e principalmente em nossas ações.

Está em andamento o projeto de lei do "IPTU VERDE" criando incentivos financeiros a quem utilizar materiais como tijolo ecológico e telhado verde ou implantarem ações como programa de separação de lixo domiciliar, plantio de árvores na calçada de casa, utilização de fontes de energia renováveis, como a solar, reuso da água, entre outros.

Saudamos os organizadores do evento, a Fundação UIRAPURU, os participantes e os membros do poder público que se identificarem com esse projeto de lei.
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E por falar em poder público...
"Negada, vamo se fincá e mete sangue
novo nesse ano de eleição"
complementou Seu Anacreto

Chevetão azul, desceu o decidão da rua Ivaí, moeu o cárter, os amorteceddor e chegou de dar um pialo, quase um ataque cardíaco no peito do véio Anacreto que fumava um cigarro importado Mills (do Paraguaizão). O véio ta virado num saci de brabo.

Apesar da pavimentação de algumas ruas do CENTRO da cidade, os bairros vem sofrendo com os buracos nas ruas. "Diabedo, pra eles o pessoal dos bairro que se lasquem, eles não tão nem aí, só andam no centro mesmo esse caquedo" disse Seu Anacreto do bairro Morumbi.

A tese de progresso em Pato Branco se coloca em contradição com a realidade, ela se esfacela entre as pedras britas espalhadas.

É PAU E PAU!!!
Na rua Ivaí a acumulação de britas detonaram o cárter do Chevette do véio Duns aqui no bairro Pinheirinho: "Tamo cansado dessa cambada de loko que só róba a gente com imposto e fincam no nosso c$% com essas m!@#$% de rua podre do c$%*@#, o Nene vai tê que mandá troca tudo os amortecedor do carro, pacaba home do céu".

Oportunizamos esse momento para lembrar da construção do viaduto e das marginais em torno do bairro Planalto.

No Brasil, os maiores casos de desvio público estão nas obras de pavimentação. Ao invés de uma ampliar as cadeiras das faculdades, fortalecer a saúde pública, os nossos deputados que vem aí pedir votos trouxeram aquele punhado de rua que não precisavam ser construídas. E tem loke falando nas rádios e nas ruas que por isso Pato Branco é melhor que Beltrão.

Esse é um ano eleitoral e esse pessoal vai querer ficar mais 4 anos no poder.
As rádios e os jornais informaram, pouco se viu de avanços políticos nesses últimos tempos. Muitas votações na câmara apenas pediram aumento dos salários, moções de aplausos e favorecimento de grandes empresários com licitações e isenções fiscais.

Essa piazada só vê o lado deles, você não acha? Isso é só uma pergunta mas e VOCÊ VAI VER O SEU LADO QUANDO?