quarta-feira, 26 de janeiro de 2011

O fim da "anarquia" do sertão - eleições democráticas na base do 38

Saiu essa das bandas do Jupiá1...

01o. De Janeiro de 1906.

Era só se ouvir em democracia no sertão, que a caboclada já achava que era coisa do diabo...

Descobrir essa "outra História do sudoeste" é uma tranqueira, pois aí nos envolvemos de maus-cheiros e maus-hálitos. Nesse correr sobre o fato elameado e ensanguentado que descobrir uma estância de cavalos baios de um tal gringo véio coroné chamado Zébedeu Tiberius Martines que ao fundar um município descobriu que tinha de chamar as eleições.

O vétio tinha um cancro no saco, não pôde ter filhos. Logo, sem demais opções, decidiu que seu cavalo iria concorrer a prefeito da nova cidade.

Possuía uma carta de sesmaria de 1000 alqueires de terra que havia recebido do governo. As autoridades lhe deram o “mérito” esse carcamano ter massacrado todas as populações “bugres”2 num círculo de 50 quilômetros de sua estância.


Ao elevar o pequeno feudo às honras de freguesia, montou uma prefeitura e torcendo seu bigode fajuto que hoje a piazada chama de "cerca de favela", decidiu ele por seus bagos que estava deveras atarefado em ser coronel, lançou para prefeito o seu candidato: PANGARÉ III.

Uma dinastia sobre 4 patas foi criada, mais fajuta que aquele bigode, mááá mais ainda fajuta que aquela democracia.


Padrinho Zébedeu organizou as eleições na bala do seu Shimitão de cano longo (38) em frente ao potreiro municipal. Não houve concorrente, o cavalo ganhou em disparada como se tivesse a 200 por hora numa raia. O povo assistia a tudo (38 madeireiros caboclos e 12 tropeiros que vinham das bandas de Sorocaba e queriam aportar em Clevelândia). Entre esses viajantes, um baguá véio, um rebelde gritante vulgo “Anarquista Mijador” que brandava em meio ao povão: “DEMOCRACIA, DEMOCRACIA”, logo ouviu-se um tiro ao alto enquanto 97 jagunços saíram de dentro de um banhadão, esses empurravam as pessoas para as urnas enquanto Pangaré II recebia a faixa municipal do mais alto cargo administrativo executivo de todo o Sertão do Paraná.


Logo após a eleição, os pedidos de Mijador foram atendidos... Tiberius resolveu restituir a "ordem" no sertão. E disse que o pedido de "democracia" seria atendido. Logo a plebe sertaneja e a caboclada reunida iria decidir que o pirraço, agitador, deturpante e subversivo Mijador seria enforcado. Ao fim do dia um desfile pelos banhados do município, enquanto o potro relinchava, o sangue da anarquia ia pingando por toda vila.

1Inspirada numa história do Império Romano

2Nome genérico e chulo dos Kaingang e Xetá que residiam no sudoeste.

terça-feira, 11 de janeiro de 2011

O tal do parente.

Clevelândia, 23 de dezembro de 1932.


Essa é uma lenda que fala do povoamento do Sertão do Paraná.


Era quase natal,

Os moradores da principal pólis mãe do Sertão do Paraná recebiam um amontoado de parente vindos de todos os lado do Brasil. Os Martins recebiam os caipiras de São Paulo, fugidos da Revolução Constitucionalista; Os Rosa recebiam os bugres de Campo Erê, sobreviventes do Contestado; Os Martignoni recebiam a italianada do norte do Rio Grande. Era um momento de fartura, “fartava” tudo, carne nos açougues, arroz e feijão nos secos e molhados e principalmente cachaça e vermute nas bodega, muitos desses parentes chegavam, sentavam num cepo na frente das casa e até hoje não voltaram mais...


Muitos dos moradores se encontravam para mijar num potreiro há duas quadras da praça municipal.

Um gringo da gema assuntava com um gaudério enquanto baixava sua ceroula:

Antes de nóis saí do saco do pai, divia de vim um home e fala pa nóis o que é um parente:


Parente é um negócio que começa perto, e de repente se bandeia pra longe,

quando ele tá perto, tu qué que ele teja longe,

quando ele tá longe, tu qué que ele teja perto,

quando você aparece, ele some,

quando ele aparece é miór1 tu sumi,

quando tu precisa dele, ele foge

e quando ele precisa de ti, é miór tu fugi.


1melhor