sexta-feira, 25 de maio de 2012

Novo Dicionário do Sertão do Paraná


Coisas que só se escuta no Sertão. Fomos á fundo, em bodegas, rodas de chimarrão de nonas e matinês fura bucho pra oficializar novos termos da nossa ortografia. 

Outros termos estão disponíveis no Autêntico Dicionário do Sertão do Paraná.





Atentado: pessoa corajosa, inconsequente, tal qual o piá do véio Arduíno que foi tacá pedra no terneiro e levô um coice nos bago. 

Acalcá: pressionar, que nem os loco que acalcam as muié dos outro ao som do Mano Lima. Tão co coro prometido, esses.

Atracá: fazer algo; brigá; atirá.

Anca: região do corpo que vai da cintura às coxas, avaliada como critério para uma união estável. 

Atiçá: provocar. Que nem quando o gringo Bozzi invento de jogá brasa na muié dele e depois apanhô da véia ca pá da polenta na mão.

Acudí: foi o que os filho do gringo Bozzi tiveram que fazê co véio, mas ficô três dia em coma.

Bustica: quando algo dá errado, fora do planejado. No diminutivo (bustiquinha) é algo pequeno.

Borçudo: aquele que sempre tá cheio de recursos financeiros e – consequentemente – de pelegaiada.

Bobaião: o editor deste blógue.

Chenela: calçado elaborado a partir da junção de sola e tira. Ou...

Carniá: matar qualquer bicho para fins de consumo. Uma vez que o nono carniô uma porca meu tio queria se matá dizendo que a vida dele não tinha mais sentido sem ela.

Churriu: anomalia biológica temporária que acelera o funcionamento dos intestinos. Geralmente ocorre na Páscoa e Natal. 

Diacho: evocação do Coisa Ruim em xingamentos; blasfêmia. 

Empardá: quando, numa disputa, um concorrente alcança o outro.

Garraio: piá pequeno.

Guêvo: ovos, não de codorna; humanos.

Guavirova: doença que ataca a piasada e causa anemia e pelos nas mãos. A longo prazo, segundo sociólogos, também causa a diminuição demográfica de uma região.

Istrafêgo: o mesmo que rebuliço.  Foi o que fez o véio Gerardo quando um bugre chegou na casa dele co jumbrelo de fora.

Ispicúla: curioso, quem pede muito.

Imundíça: sujo.

Jaguara: cachorro sem raça... e serventia.  

Muntuêra: qualquer coisa em grande quantidade, geralmente gente.

Nenê: filho mais novo do gringo Rebosteio.

Puduncho: mesmo que pidão. Exemplo: o cara tá curtindo a vibe no risca-faca e chega um amigo: -dá um gole desse bulicão aí. –não! –então impresta cinco pila. –também não. -quê se tem no borso? –é colírio. –então me pinga uma gota no zóio aí.

Putiá: sin. de “se fresquiá” (se for um alemão falando, é aquela fruitinha tipo coquinho).

Rebosteio: confusão, gritaria, garrafa quebrada e sangue no chão no fim das festa de comunidade (é quando o matinê acaba).

Réco: zíper.

Rodopeio: giro, movimento em torno de um eixo.

Serpelo: membro masculino com tamanho acima da média (que no Sertão, segundo o Inmetro, é de 23cm).

Trubisco: qualquer coisa da qual não se lembra o nome no momento. Tipo aqueles trubisco lá que tem nas casa, uns piquininho, meio verde, ah, dexe quieto.

Tchaca-tchaca na butiaca: “J

Tchuco: pessoa em estado de embriaguez contínua, beudo.

terça-feira, 22 de maio de 2012

Sertão news: Inflação do pinhão no sertão, Belo Monte de BOSTA e outros bichos mais

A semente não se encerra num fruto
gera espécies gminospermas como a
pinacaes e a araucariaceaes
ainda é base da alimentação de vários
povos do Paraná véio.
sertão news

Guarapuava, 02 de maio de 2012

Rodando com a velha Intruderzinha 125 pelos matões da Serra da Esperança, cruzando cachoeiras e araucárias centenárias, trombei diversos caboclos do mato na beira da estrada vendendo pinhão.

O que me surpreendeu não foi a simpatia dos vendedores, nem sequer seu empenho em garantir o pão de cada dia, mas sim o preço da semente que em alguns pontos já chega a R$ 4,00 o kilo. O bicho tá pegando.

E não é somente os caboclos de Guarapuava, mas também os Kaingang de Mangueirinha, os gringos de Coronel Vivida, os polacos de Prudentópolis, os "ucraínos" de Irati e a alemãozada de Candói.


A razão para tal preço exorbitante não se encontra numa suposta "ganância" dos vendendores, mas sim nos altos impostos cobrados sobre eles. "Nóis já temo que pagá muita coisa, é investimento nas propriedade, financiamento de máquina agrícola, conta de água, luz e outras diabarias que o governo finca no nosso rabo, ainda temo que pagá uma licença para ocupá temporariamente as beiras das rodovias mesmo que a gente tente ganhá o pão de cada dia, é uma facada no bucho home do céu" disse seu Jão, caboclo vendedor de pinhão há 20 anos.

Ainda lembrou das invernadas quando o velho chão do sertão era manchado pelo vermelho da pinhãozada. A semente proporcionada pelas mãos da Mãe-Natureza era base da alimentação dos moradores da região, desde os índios até os gringos, todos metiam o "pinhão véio" na chapa ou cozinhavam-nos em panelonas de barro.

Hoje a fartura não é tanta, já que 80% da mata nativa foi violentamente derrubada na região, a semente que gerou a árvore da vida no sertão hoje já não tem tanta oferta e a tendência é que o preço aumente ainda mais, fincando a faca nos loco ainda mais.

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 Enquanto isso em Belo Monte...


Muito além do tempos atuais de consumismo e perda dos valores, devemos
abrir nossos ouvidos ao silêncio das matas, tentando abrir os olhos e ver os povos que dela retiram sua sobrevivência. Além de suas atividades econômicas devemos nos sensibilizar para sua visão de mundo, sua política, sua cultura, modos de enxergar a vida que são próprios deles. Essa sensibilidade deve ir além, sejamos capazes de reconhecer que apenas sua permanência nesses lugares possibilita preservação do eco-sistema em seu redor. Façamos isso, não por nós, mas por nossas crianças e lembremos que uma longa caminhada começa com um simples primeiro passo.



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Tá afim de trocar isso por um
muro de concreto?
Utopia do Vale do Chopim

Acordei dum pesadelo,
e vi que Belo Monte é aqui,
pisaram as flores com desprezo,

o capitalismo com ganância sorri,

Pro capital fica agora uma resposta,
É Bosi, É Carletto, é Ruzza, é Carcará, 
Queremos o verde, não queremos essa bosta ($$),
Sou a araucária que grita: a resposta é RESISTÊNCIA JÁ!

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quinta-feira, 3 de maio de 2012

A espetacular história do fuzil de um tiro só: a arma que abateu a luz vermelha do Banhadão da Catuaba


A ação da milicaiada era destaque na capa daquele jornal semanal que circulava em 1966. “Exército fecha antro da imoralidade em Marmeleiro”, dizia a manchete em letras garrafais, bem no centro da página. A notícia dava conta da repressão feita cinco dias antes à Geni Drynks, famosa casa de prostituição e divertimento que funcionava no conhecido “Banhadão da Catuaba”, na saída pra Beltrão.

Lembre o caro leitor que esta era época em que estava em execução a famosa “política de desenvolvimento, cacete e cadeia”, adotada pela dita-cuja. A notícia mais era um factoide para reforçar a imagem institucional das Forças Armadas e mascarar as reais motivações dos eventos.

O caso noticiado não foi violento, segundo a versão oficial. De acordo com a redação, apenas um tiro foi disparado nessa ação. A bala saiu do mesmo fuzil que recentemente foi roubado por dois peleguinho-oreia-seca de dentro do quartel.

Após anos de silêncio – e sensibilizado pela ação militar que hoje acontece nas ruas de capital do Sertão – um dos combatentes do episódio resolveu abrir a boca e expor sua versão do fato. Ao custo de três doses de Bitter Águia, o véio do maior bigode da região, que pediu anonimato, revelou que a milicaiada era tudo amiga do putedo do banhadão; e duma amizade por demais liberal, diga-se de passagem.

Diz que a repressão foi arquitetada pelo tenente Curió, comandante do quartel. Esse mesmo Curió, um dos únicos brasileiros da época a ter as partes íntimas com uma tonalidade lilás, era frequentador de ocasião da Geni Drynks, tendo, inclusive, preferência no uso do Gabinete, local reservado à gente do alto escalão da sociedade.  

Numa noite festiva em que o Gabinete reunia as mais altas patentes militares, cargos públicos e ordenações sacerdotais, o putedo extorquiu pareio. Rameira de longa data e a esta altura aposentada do ofício de meretriz, Geni só tinha por amante oficial o dito Curió. Ela era a fonte que o passarinho bebia e se banhava e fazia o escambau. Mas essa gringa de pequenos olhos e rechonchudas curvas era esperta pros negócios. O abuso nos preços das meninas, bebidas e quarto era prática comum nestes locais.