Em meio a chuva ele gritava isso a um velho que estava de botas fumando charuto e tendo os sapatos engraxados por um guri. E sua ironia indignava mais ainda aquele "senhor de terras" dos Campos Gerais que parecia ter se arrependido de ter pronunciado aquelas duas palavras: "cabeludo viado".
Camiseta xadrez, cabelo comprido, calça rasgada... Meses foram o suficiente para aquele rapaz ingênuo do interior do Paraná enfrentar os mandos e desmandos da "cidade grande".
Se adaptar? Juntamente de seu fiel companheiro Tenor que cantava ópera pelas ruas da cidade e falava italiano ele não se sentia capaz disso, mas sim de interferir e transformar!
O sistema o abominava, os valores estavam mudados e toda simplicidade da vida foi trocada por um jogo de interesses. Hoje, escutando o barulho da água que cai lá do alto, tudo passa a fazer sentido.
Coronel Vivida - 17 de dezembro de 2011, 16:07
tocando "Bicho do Paraná" no Vargas |
Sua dor é tão grande que ele apenas tem uma alternativa. Fugir!
Longe dos "grandes" centros, com "grandes" pessoas e suas "grandes" importâncias.
Um cara como qualquer outro, mas que ao invés de abrir sorrisos pra qualquer um mandava tudo "se foder" e fazia cara feia em público.
Os matos eram explorados e ali ele dizia achar um novo sentido para o seu EU.
E, de repente, foi alvo de indignação, pois mesmo querendo pegar as cavalas do sertanejo universitário não conseguia se aproximar delas pagando "gole" e botando "banca", ele buscava nas mulheres o sentimento.
Odiava roupas novas, pois se apegava a suas vestes antigas e até mesmo rasgadas.
Percebeu que a forma de pensamento dominante na sua época era enrrustida de dos preconceitos enlatados de 30 anos atrás, do desenvolvimento tecno-facista. Pois via os miseráveis defendendo aqueles que geravam sua miséria.
Fugia, simplesmente isso, sendo um pequeno burguês aproveitava o que o mínimo que o sistema lhe oferecia, não conseguia servir ao capital e em alguns momentos se sentiu incapaz de arrumar companhia por conta disso.
Sepultou os seus sentimentos negativos em meio a toda destruição daquele Apocalipse, ele renascia.
Intoxicado pela doçura da vida que era o néctas daquela estação. Ele sempre volta enxer o saco com suas "baboseiras ideológicas", mostrando que foi o padeiro que vendeu os melhores sonhos, foi o bodegueiro que não cobrava fiado, foi nadador de rios e cachoeiras, foi admirador dos beija-flores e borboletas, foi o violeiro nos bares dos velhos boêmios, foi proseador e chimarrãozeador entre as tiazonas velhas, foi o mais servil amante e fui sobretudo o maior cozinheiro de Genghis-Khan dum acampamento qualquer que não lembro onde foi...
Ele era a RESISTÊNCIA e o SERTÃO era seu aconchego, já que todas as vezes que voltava pra cidade era chamado de BICHO DO MATO.