sábado, 31 de março de 2012

Polaco tocador de guavirova e o Lobisomem do sertão

"Chapado chapadinho, muito louco piradão, 
vai comê bosta de vaca TCHÊ e deixe de ser bundão" (alteração da música do Lobisomem)

Era assim que os gringo viam os "loco", mas é aquela História que Jesus falou: "julgar o outro não define o que ele, mas sim define o que você é".


Era quaresma do Apocalipse 2012, numa comunidade a beira do rio Pato Branco:

Nada mais tranquilo que escutar a própria respiração, sentir o coração bater forte, deitar e poder observar todas as cores e outras que não existem...

Ia andando o Polaco, mascando a ponta do pasto na boca, "sossegado, de boa" era o que ele dizia, seu sentido de vida era uma filosofia oriental, mesmo sem saber o que era isso. Achava que a vida ideal era o sonho, gostava muito de "tirar uma paia" como ele falava, já acordava com "os zóio que é uma bala e detonava a geladeira" não era difícil passar pela casa dele e vê-lo na rede na varanda de sua casa. 


Falavam que ele era daquele jeito por causa da tal de "guavirova" que tocava toda hora, mas o povo é muito "faladô" como o seu pai, tropeiro velho dizia.


Ia ele pra bodega do Véio Eliás, lá ouviu uns causo de um tal leão de circo que rondava a região... Mandou marcar fiado um leite que ele ia tomar com Nescau, o Rinso que a mãe dele mandou comprar e o fumo de corda que seu "véio" gostava de fumar no fim de tarde... 
  
Entre os velho do bar, um já contou que tinha matado uma onça na unha, o outro falou que matou uma jaguatirica com um bodoque, e assim ia. Parecia que no seu Eliás tinha um concurso, um baita concurso encharcado num copo de pinga, histórias que eram exaladas no bafo de paieiro ou no teor de phD do vinho de colônia que evaporava da boca de um véio, o concurso era pra ver QUEM CONTA A HISTÓRIA COM MAIS ATROCIDADES!!!

Pediram pra ele o que que ele achava disso, ele que era um piá novo falou que na noite de lua cheia da semana passada foi dar uma volta no pasto dos bois.


Era 5 pra meia noite, tava lá o Polaco, nem tinha jantado... Era um dia depois de uma chuva que foi de arrancar tatu da toca, mas morrendo de fome que tava o piá olhou pro chão e na BOSTA de um zebu avistou um cogumelo, um jantar típico do sertão:

-Mas por Deus do céu que tinha uns 30 centímetro! E me finquei laricado comê aquele cogumelo do sertão a luz do luar até que cai no gramadão bodiado!


Ficou admirando o luar e as estrelas numa dança astral, viu todas as cores e outras mais, aquela combinação era como uma deusa pra falar a verdade, dançando no breu da noite. Depois de duas horas deitado na relva, levantou e pensou:

-A quantia que eu tava loco! 

Escutou um 'baruio' no mato e se fincou pra ver. Ficou de atrás da árvore "bizoiando". E lá no fundo azul, na noite da floresta, a lua iluminou e a dança, a roda, a festa... E não era só lobisomem, viu chupa-cabra e outros bichos mais: 

-HAHAHA! agora os cara me vêm com essas história que só o lobisome que tá rodando por aí e ainda falando que eu sou boleteiro - gargalhando, disse um sujeito negrinho se equilibrando numa só perna enquanto pitava um cachimbo. 

-Sim, não se ligaram que tamô tudo junto aí pra avisá esses gringo que eles toraram o pau pra tudo lado e tão acabando com a natureza, olha o rio Pato Branco secando, olha os disco-voador rondando o céu - disse um piazote com os pés virados pra trás.

-Já chega! Desisto, a gente não pode nem tomar um banho de rio que já sai no Repórter Cidadão, daqui a pouco vou sair por traficante, fumador de pedra, participante de raves, podre de louco! - respondeu o indignado Lobisomem.

No bodegão, apostou com o Véio Bartolomeu que naquela noite de lua cheia ele ia voltar no matagal pra mostrar pra ele. Marcaram 5 pra meia noite de novo. Bartolomeu era metido a caçador de tesouro, coçando sua barba amarela de paieiro (cigarro de palha) olhou pro chão e se botou comer os cogumelos das bosta de vaca, mas tava com tanta fome que comeu uns oito.


Bartolomeu disputava aqueles gigantes com as larvas, azuis no seu chapéu, macios, logo eram deglutinados... O véio tava tão de boa que revolveu se pelar no mato. Logo depois chegou o Polaco com uma violão vendo aquela cena, virou meia volta e "ponteou" aquela viola e cantou: "Isso é só para loucos, caretas não!"

No outro dia, indo na bodega do Eliás, observava a chuva e esperava o próximo dia de sol, tava lá o piá, Polaco parou na frente da bodega fumando um paieirão de meio metro, daqueles que se tu acende no acendedor do carro acaba a bateria na hora e vai daqui a São Paulo fumando o mesmo(1), fazendo um fumaceral dos dianho.

Entrou na bodega um baita loco, de sobretudo preto, chapéu no rosto, estilo Van-Helsing bateu no balcão do bar e mandou vir uma pinga. Matou aquela pinga e de repente Polaco já lhe perguntou:

-Você nasceu em Pelótas?

-Não, nasci atrás do rio da morte, na encruzilhada em frente do Cemitério da Calvário, das mãos duma parteira que tinha um guia do Exu-caveira na mão esquerda - respondeu o Van-Helsing do sertão .

E então respondeu Polaco após expirar fundo o seu fumo:

- Ah tá, então se você não nasceu em pelótas, então nasceu inteiro.

Passado o tempo, todos que passam por aquele lugar vêem o piá deitado na rede, olhando o céu azul com suas ideias profundas, profundas como água do poço, profundas e calmas.

1-piada de Paulinho Mixaria

Anônimos, armados e rebeldes: A guerrilha dos sertão (Revolta dos posseiros de 1957) - parte I


Francisco Beltrão, madrugada de 05 de outubro de 1957:
"A rebelião" - popular
"Livro Negro da Revolta" -
de Othon Mader





Meia-noite, o silêncio da noite era companhia do Inspetor de Quarteirão “Maringá” que apesar da calmaria do breu noturno costumava dormir com um olho fechado e o outro aberto, esperando a visita de seus companheiros funcionários da Companhia Comercial Paraná - que tinha por objetivo tomar as terras dos colonos no Sudoeste. E eis que esses apareceram, eram eles: “Chapéu de Couro”, “Gauchinho”, “Mato Grosso”, “Lapa”, José Lucas, Walter de Tal

- Acorda aí loco véio! O bicho vai pegá hoje, vamo se boliá pra casa daquele lazarento do Mané Paraguay e depois vamô vê que que sobra do Saldanha. Esse Saldanha é aquele que matô o Farias e o Eugênio quando eles foram arrancá ele das terra, não adianta vai ser expulso ingual - dizia Chapéu de Couro ao acordar Maringá.

-Então vamo, má vamo costeando o rio aqui pra não fazê baruio. Vamo faze u serviço 'di manera' rápida e dá no pé, Foi o Marchetti que mandô ocêis? - respondeu Maringá com seu sotaque do norte do Paraná.

-Vamô, que vai sai um troco bão! Enterra os loco no trigo lá do barrancão, fincá os pau por cima pra prova depois pra recebe o 'dinhero' - respondeu o ganacioso Mato Grosso.

Maringá” acompanhou a tropa costeando o rio Ampére para não fazer barulho, cortando o capim a facão, passando entre os capoeirões, os passos lentos e precisos no barro eram apenas interrompidos pelo coaxar dos sapos no banhado. Logo que chegaram a casa de Paraguay, perceberam que o rancho estava vazio e logo atearam fogo na casa, voltando a atravessar o Ampére em outro trecho se direcionando a casa de João Saldanha.
Saldanha já esperava os jagunços, estava de tocaia na janela e foi fugindo com uma Winchester e um revolver, arrombou a porta dos fundos da casa e zarpou para o mato. Foi perseguido pelos tiros dos seis funcionários da Companhia. 

-Vamô sangra esse fiadaputa, vingá nossos companhero! - cada tiro carregado de pólvora era carregado também pela sede de vingança de Nino Farias e Eugênio de Tal.

Chapéu de Couro”, o líder da jagunçada adentrou a casa acompanhado do tal “Gauchinho”, pegou a mulher de Saldanha quando essa estava para fugir e o filho de nove anos de idade, e logo os matou a tiros pelas costas enquanto Gauchinho matava uma menina de 5 anos.
A mando de “Chapéu de Couro”, “Maringá” adentrou o mato acompanhado do tal Lapa ao encalço de João Saldanha, para ver se esse havia conseguido fugir:

-O lazarento escapô, mas até é bão, assim ele conta pra todo mundo o que que acontece com quem quer bancar o valente!

Um galão de gasolina foi o suficiente para queimar toda a casa. Sentados em um cepo para fora da casa, a jagunçada assistia a casa terminando de pegar fogo enquanto os filhos de Saldanha e sua mulher estavam mortos, jogados num mato do lado da casa. 
Até aquele momento, apenas dois dos filhos haviam sobrevivido, um rapaz havia fugido para o mato enquanto outro era um recém-nascido 

-Esse piá não pára de chora, dê um jeito aí José Lucas.

Esse último por sua vez, jogou a criança pra cima e espetou-a com uma adaga. Aquela cena cruel ficou na memória de Saldanha que avistava tudo escondido num capoeirão. Sua única opção era se embrenhar no mato e esperar amanhecer.

O sol clareava, Saldanha adentrava uma picada no meio do matagal para ir até o bodegueiro Luiz Prolo, as lágrimas lhe tomavam até que secou-as e gritou interrompendo o vôo dos quero-queros: JUSTIÇA!

terça-feira, 27 de março de 2012

Quaresma pode terminar sem visita do Tinhoso ao Sertão; comunidade protesta

Da redação/Sertão News
Restando pouco menos de duas semanas para o fim da Quaresma, a população do Sertão paranaense, no Sudoeste do estado, está preocupada e ansiosa esperando a visita do Inominável, Diabinho, Capeta, Demonho... ou qualquer similar. Tradicional em bailes da região, a ausência do Cão-Tinhoso preocupa até a Associação de Senhoras Católicas, que iniciou uma mobilização pela vinda do dito cujo.

Segundo alega uma das líderes do movimento, o ausência do Satanás no período de Quaresma prejudica a credibilidade das pragas de nonas, comuns nesta época do ano. “Tudo ano a gente avisa a piasada pra não ir nos bailão que vão vê o Arrenegado e sempre aparecia a história dum chifrudo com pata de vaca. Já nesse ano não teve nenhuma feita dessa; tão chamando a gente de mintirosa”, disse dona Diva Gina Santos.

As redes sociais são aliadas nesta luta regional. No Fêicebríque, uma rede de negócios na internet, foi criada uma comunidade que oferece recompensa pra quem conseguir contactar o Rei das Trevas. No grupo intitulado “Campiando o Diacho”, várias postagens dão conta do paradeiro dele e tentam explicar com teorias conspiratórias os motivos do Coisa Ruim não vir ao Sertão.
Muitos pré-candidatos, na ânsia de angariar eleitores, já adotaram em seus discursos a promessa de, caso eleitos, trazer o Maligno à região, como fez o deputado-caudilho Ernesto Cabeza de Bombril numa recente inauguração de uma lombada.
João Vaneirinha tietando o
djãnho véio numa das
suas visitas em 1990


Movimento nos fura-bucho cai 18%
Os reflexos do não aparecimento do Satanás também são sentidos na economia local. Nos fura-bucho e bailes do interior, por exemplo, o movimento caiu em média 18% com relação ao mesmo período do ano passado. João Vaneirinha, proprietário de um clube de dança (e quebra-pau) no Rincão da Capetinga, relembra os saudosos tempos em que, muitas vezes, a presença do Guampudo era a atração principal da noite. “Tinha gente que se boliava da capital aqui só pra ver o loco véio. Faziam fila mais longa que lumbriga de piá pançudo pra tirar um retrato com cabôco”, afirma ele, olhando para uma foto tirada com o Coisa Ruim em fins da década de 90.

Boicote pode gerar crise diplomática
Se para alguns a presença do Tinhoso é mera vaidade, para outros ela é de fundamental importância para a manutenção da ordem, do progresso e do laço no lombo dos loco, política adotada pelo governador-coronel-playbói Betinho Peleja. O professor universitário Vitor Hugo Tocagaita, autor do livro Sertão: ame-o ou deixe-o, afirma que se a visita não acontecer, colocará em xeque as relações diplomáticas com o Inferno. “Mantemos uma balança comercial desfavorável, importando muito mais gente pra lá que exportando. Caso a visita não aconteça, pode haver boicotes nestas relações”, disse.

Turnê internacional atrapalha visita, diz assessoria
Na última semana o blog de fofoca Estrelas Subterrâneas publicou uma foto enviada por um fã que afirma ter visto o coisa ruim em uma festa de peão com gel no cabelo e calça atolada. As suspeitas são de que ele esteja aderindo a tendência do sertanejo universitário, mais lucrativa e em alta no momento. A assessoria de imprensa do Capeta negou o fato e também expediu nota, afirmando não haver data agendada para a visita ao Sudoeste. Segundo justificou, uma turnê internacional impede sua presença no sertão: “infelizmente, só deus é onipresente”, diz trecho da publicação.

Enquanto os dias passam e nenhuma informação favorável procede, a população local alimenta a esperança de receber a visita ainda neste ano. Para muito além de seu estrelismo infernal, a visita do Belzebu alimenta sonhos e une um povo que volta e meia se atraca na facada, tiro, pedrada, tijolada (o que tiver ao alcance) ... Mas pelo menos em um ponto polacos e gringos, patrões e empregados, maridos e esposas não divergem: todos querem ver o Demonho antes do fim da Quaresma.

sábado, 17 de março de 2012

SERTÃO NEWS: Conferência do Partido dos Sociólogos virado no diabo ontém na capital do Sertão do Paraná.

Capital do Sertão, 17 de março de 2012

Debaixo de um capoeirão,
achamos um ninho de tucanos no sertão

Foguetório e gritaria marcaram o entreveiro do Convenção Partido dos Sociólogo do Brasil na Capital do Sertão Paranaense. Esteve presente a mulher do governador "Piá de Prédio" que chamou a mesa o prefeito "Boi Gordo" e o seu amigo deputado "Cara de Viado", ambos foram vaiados pela tucanada e por pouco não saiu ovo e tomate podres na negrada neo-brizolista.

No discurso o tom de ameça da muié que mais parecia esposa dum coronel bago-roxo saiu nesse tom: "É isso aí diabedo! Esse ano nós vamo pras cabeça! E tu 'Cara de Viado' pode até se lançar candidato a prefeito, mas já saiba que caso se eleja nessa cidade de barranco não vai poder contar com 1 pila do governo do meu maridão". E com isso a Convenção fincou de candidato a prefeito o mega-ultra-empresário horti-fruti-granjeiro-jodador-de-merda-no-rio-Chopim "Playboy do Camaro".

SERTÃO NEWS, em dialeto gringuês pra ficar mais claro pra todo mundo que nem água de poço.

quarta-feira, 7 de março de 2012

As mina pira no dialeto sudoestino

postado originalmente por Itape Depressiva

Que o nosso Dialeto e um dos mais estranhos da face da terra isso não é novidade, o fato é que somos diferenciados culturalmente do restante da humanidade, isso também pode ser considerado um motivo de orgulho pra gente, por que de alguma forma as nossas particularidades não são encontradas facilmente por ai, e a humanidade tem muito o que aprender com nossa cultura local. É nesse espírito que apr...esento pra vcs mais uma pérola musical que vai revolucionar tudo o que vc tinha visto até esse momento.

Ai se eu te pego(versão Itapejarense)
Sábado, no bailão, a piazada começou a prozia.
E cruzou a menina mais ajeitada,
Tomei coragem e comecei a tentiar.
Nossa, nossa assim você me acaba,
Ai se eu te agarro, Ai ai se eu te agarro,
Delícia, delícia....(Bis 32 vezes)
#As mina Pira no Dialeto Itapejarense.