sábado, 10 de abril de 2010

A bodega

Embaixo dos pinheirais, uma bodega, ficava num redivu coberta de um palmeiral. Dependurado nas varas salames podres. Na pia, um vinho azedo. No balcão, pingas ao lado de copos grossos de poeira. No fundo de braços cruzados atrás do tabuão do balcão, um olho com catarata, o outro bem arregalado, sentado sobre uma cadeira de estopa, uma perna perfeita, a outra podre de gangrena amputada ao meio. Aquele cotoco com pelanca repuxada, um feixe mal costurado rodeado de um mosquedo zunindo em volta daquela ferida cicatrizada. Zébedeu, o dono da bodega.

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