quarta-feira, 1 de dezembro de 2010

O leve sopro do PCP sobre os trabalhadores e vadios dos cafundós de Palmas (1917)

"Somos minoria, sabemos, mas ousamos escrever a própria História entre tantos que perseguidos já foram. Em justiça aos que se foram e em contato com os que virão, somos a força do trabalhador explorado nessas candeias onde pinheiros caem sobre os membros de nossa força de trabalho".


Outubro de 1917

Nota do Partido Comunista do Paraná colada na porta da Matriz da Igreja Bom Jesus. Organizava-se uma frente popular entre os trabalhadores em 1917 em Palmas?

A tocaia da estrada Guara evidencia a perseguição ao "grupelho" que fundou um partido de extrema-esquerda em Palmas. O dono de uma caminhonete havia dado uma carona por uma picada escondida a um dos quatro membros desse partido, índios, gringos, sertanejos e todo um tipo de gente passou falando sobre a chamada: "Revolução".

Inspirado numa literatura recém-chegada ao sul do Brasil e acompanhando as últimas da Revolução Russa, esse personagem abandonado pela História produziu o "Manifesto Campesino dos Campos de Palmas", com o objetivo de entregá-lo nas mãos do jornalista e historiador Romário Martins. Falava ele dos madeireiros explorados pelo julgo dos coronéis, das sangrentas guerrilhas de farrapos derrotados, do esquecimento político por parte de Curytiba. Seu pseudônimo todos conheciam, Polaco Tião.

Exaltando sua utopia, denunciava as "formas arcaicas desse capitalismo arcaico mesclado com um tom de medievalismo dessacralizado" - o coronelismo e os madeireiros eram seus principais inimigos. Poucos entendiam, alguns eram fugitivos do Contestado, criminosos, uma vez um senhor de idade olhou calmamente em seus olhos e disse: "meu fio, não adianta nada" e complementou levantando dum cepo a todo fervor pulando numa parede e gritando: "aquiiiii é tudo um vadiozedo do demonhooooo".

Segundo relatos de um confidente amigo de copo de Tião: "ele era um audaz jovem rapazito guri cheio 'das ideologia', mas não sei por alopração de candango ou se porque eram tudo uns povo madracero, ele não convenceu ninguém de suas loucuras" (sic!). Disse um medidos de terras: "A real é que essa peonada só gostava de ver os boi pastá".

Os outros membros, mais moderados não foram revelados nem encontrados. Cederam ao poder dos exploradores, fizeram silêncio e deixaram o curso da História ser guiado pelos vencedores.

3 comentários:

  1. Muito bom o texto, fez despertar grande interesse pela história paranaense, o qual não me despertaram as metodologias usadas por meus antigos professores.

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  2. isso me lembra algo, como a revolta dos posseiros... rsrsrs

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  3. Muito interessante, sobretudo porque, nacionalmente, o Partido Comunista só foi oficializado em março de 1922. Já havia bases por todo o país, inclusive no Paraná

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