domingo, 19 de junho de 2011

O sertão se ilumina (Uma homenagem a João Lopes)

Fim dos 1970', Início dos 1980', Era de Aquarius...

Um gente boa com Luiz Melodia e João Lopes (anos 1980)
Era uma época de grandes bailes ao ar livre, quando surgiu um concurso de conjuntos chamado  FESTIVAL DO MATAGAL. Lá pintou um 'gadeiudo' com uma viola e uma gaita de boca que ia se fincando com os pés nas grimpas caídas no chão, mal sabiam naquelas bandas do seu passado...

E naquele sertão colonizado por "bugres" (Kaingang, Xetá e Guarani) e gringos, virado em pragas, mortes e tristeza, brotou uma rosa jogada direto do coração de um violeiro destemido uns diziam que o cabeludo era porque tava meio fugido de outros lados, outros diziam que era um tal guerrilheiro fugido das 'ditadura'... Não era viado, porque "home que é home" não fica de costas pra ditaDURA, ele aqui chegou encarando de frente, malandro que nem gato do norte, virado em cabelo e sua barba torcida e se embrenhando no capoeirão dando tiro pra tudo os lado. Suas balas eram notas musicais que batiam no peito de todos em formato de paz e amor!

Só que sua luta era diferente, não era sanguinária, nem violento e...

...a rebeldia dos cabeludos se findou quando viram as belezas da natureza e as literaturas de desobediência civil, fizeram meditação, uns companheiros fumavam o tal "fumo estranho" e só falavam de paz e amor, nunca havia ouvido aquelas palavras no sertão, desenssacou e dedilhou uma baita viola juntamente dum gaiteiro... 

Numa matinê de domingo, casais dançavam xote, bugio, forró e até rolou uns negros, polacos e bugres se boliando numa capoeira, maridos abraçavam suas esposas pensando em chegar em casa e ficar na rede olhando a lua cheia depois, olhando nos seus olhos com o intuito de lhes apenas dar prazer. O padre, o bodegueiro, o delegado, todos lá estavam entre mães e seus filhos que brincavam sob a sombra das araucárias... Essas que não mais viam o derramamento do sangue dos inocentes, nem sequer o julgo daquele tal 'capitalismo' que produzira anos antes brigas de foice, facão, ou facadas no bucho... 

Para aquele "gurizote baguá" como chamaram só bastava falar de amor "falar de guerras eu não gosto não". Virou a página do sertão sangrento junto a outros e fez florescer o SERTÃO ILUMINADO.

Dizia o poeta na nova era, seu amigo da sociedade alternativa:

"Somos adeptos dessa lei,
uma lei que nem é desse mundo, ho, ho,
uma lei pra você e pra mim,
me abrace e exerça a lei do amor"

Suas notas se encontraram com palavras bonitas e na voz de Ivo e nas guitarras distorcidas e psicodélicas do sertão! Todas entonadas num belo acorde o fizeram vencer um festival em Curita, capital do Paranazão véio, onde seus versos produziram em seus olhos uma única lágrima chamada saudade:

"Eu não sou gato de Ipanema
Sou bicho do Paraná (...)
Quero voltar pra minha terra
Pro SERTÃO do Paraná"

"Sartou" pra outras bandas com sua companheira de cama, mesa, banho e palco, mas um dia esse bicho volta...

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