terça-feira, 27 de março de 2012

Quaresma pode terminar sem visita do Tinhoso ao Sertão; comunidade protesta

Da redação/Sertão News
Restando pouco menos de duas semanas para o fim da Quaresma, a população do Sertão paranaense, no Sudoeste do estado, está preocupada e ansiosa esperando a visita do Inominável, Diabinho, Capeta, Demonho... ou qualquer similar. Tradicional em bailes da região, a ausência do Cão-Tinhoso preocupa até a Associação de Senhoras Católicas, que iniciou uma mobilização pela vinda do dito cujo.

Segundo alega uma das líderes do movimento, o ausência do Satanás no período de Quaresma prejudica a credibilidade das pragas de nonas, comuns nesta época do ano. “Tudo ano a gente avisa a piasada pra não ir nos bailão que vão vê o Arrenegado e sempre aparecia a história dum chifrudo com pata de vaca. Já nesse ano não teve nenhuma feita dessa; tão chamando a gente de mintirosa”, disse dona Diva Gina Santos.

As redes sociais são aliadas nesta luta regional. No Fêicebríque, uma rede de negócios na internet, foi criada uma comunidade que oferece recompensa pra quem conseguir contactar o Rei das Trevas. No grupo intitulado “Campiando o Diacho”, várias postagens dão conta do paradeiro dele e tentam explicar com teorias conspiratórias os motivos do Coisa Ruim não vir ao Sertão.
Muitos pré-candidatos, na ânsia de angariar eleitores, já adotaram em seus discursos a promessa de, caso eleitos, trazer o Maligno à região, como fez o deputado-caudilho Ernesto Cabeza de Bombril numa recente inauguração de uma lombada.
João Vaneirinha tietando o
djãnho véio numa das
suas visitas em 1990


Movimento nos fura-bucho cai 18%
Os reflexos do não aparecimento do Satanás também são sentidos na economia local. Nos fura-bucho e bailes do interior, por exemplo, o movimento caiu em média 18% com relação ao mesmo período do ano passado. João Vaneirinha, proprietário de um clube de dança (e quebra-pau) no Rincão da Capetinga, relembra os saudosos tempos em que, muitas vezes, a presença do Guampudo era a atração principal da noite. “Tinha gente que se boliava da capital aqui só pra ver o loco véio. Faziam fila mais longa que lumbriga de piá pançudo pra tirar um retrato com cabôco”, afirma ele, olhando para uma foto tirada com o Coisa Ruim em fins da década de 90.

Boicote pode gerar crise diplomática
Se para alguns a presença do Tinhoso é mera vaidade, para outros ela é de fundamental importância para a manutenção da ordem, do progresso e do laço no lombo dos loco, política adotada pelo governador-coronel-playbói Betinho Peleja. O professor universitário Vitor Hugo Tocagaita, autor do livro Sertão: ame-o ou deixe-o, afirma que se a visita não acontecer, colocará em xeque as relações diplomáticas com o Inferno. “Mantemos uma balança comercial desfavorável, importando muito mais gente pra lá que exportando. Caso a visita não aconteça, pode haver boicotes nestas relações”, disse.

Turnê internacional atrapalha visita, diz assessoria
Na última semana o blog de fofoca Estrelas Subterrâneas publicou uma foto enviada por um fã que afirma ter visto o coisa ruim em uma festa de peão com gel no cabelo e calça atolada. As suspeitas são de que ele esteja aderindo a tendência do sertanejo universitário, mais lucrativa e em alta no momento. A assessoria de imprensa do Capeta negou o fato e também expediu nota, afirmando não haver data agendada para a visita ao Sudoeste. Segundo justificou, uma turnê internacional impede sua presença no sertão: “infelizmente, só deus é onipresente”, diz trecho da publicação.

Enquanto os dias passam e nenhuma informação favorável procede, a população local alimenta a esperança de receber a visita ainda neste ano. Para muito além de seu estrelismo infernal, a visita do Belzebu alimenta sonhos e une um povo que volta e meia se atraca na facada, tiro, pedrada, tijolada (o que tiver ao alcance) ... Mas pelo menos em um ponto polacos e gringos, patrões e empregados, maridos e esposas não divergem: todos querem ver o Demonho antes do fim da Quaresma.

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