Ponta Grossa, 17 de junho de 2008
-"Me perdoe, grande latifundiário da cidade se minha presença lhe agride tanto".
Em meio a chuva ele gritava isso a um velho que estava de botas fumando charuto e tendo os sapatos engraxados por um guri. E sua ironia indignava mais ainda aquele "senhor de terras" dos Campos Gerais que parecia ter se arrependido de ter pronunciado aquelas duas palavras: "cabeludo viado".
Camiseta xadrez, cabelo comprido, calça rasgada... Meses foram o suficiente para aquele rapaz ingênuo do interior do Paraná enfrentar os mandos e desmandos da "cidade grande".
Se adaptar? Juntamente de seu fiel companheiro Tenor que cantava ópera pelas ruas da cidade e falava italiano ele não se sentia capaz disso, mas sim de interferir e transformar!
O sistema o abominava, os valores estavam mudados e toda simplicidade da vida foi trocada por um jogo de interesses. Hoje, escutando o barulho da água que cai lá do alto, tudo passa a fazer sentido.
Em meio a chuva ele gritava isso a um velho que estava de botas fumando charuto e tendo os sapatos engraxados por um guri. E sua ironia indignava mais ainda aquele "senhor de terras" dos Campos Gerais que parecia ter se arrependido de ter pronunciado aquelas duas palavras: "cabeludo viado".
Camiseta xadrez, cabelo comprido, calça rasgada... Meses foram o suficiente para aquele rapaz ingênuo do interior do Paraná enfrentar os mandos e desmandos da "cidade grande".
Se adaptar? Juntamente de seu fiel companheiro Tenor que cantava ópera pelas ruas da cidade e falava italiano ele não se sentia capaz disso, mas sim de interferir e transformar!
O sistema o abominava, os valores estavam mudados e toda simplicidade da vida foi trocada por um jogo de interesses. Hoje, escutando o barulho da água que cai lá do alto, tudo passa a fazer sentido.
Coronel Vivida - 17 de dezembro de 2011, 16:07
tocando "Bicho do Paraná" no Vargas |
Eu o vejo! Antes desse grande fim, da catástrofe anunciada e prevista alguém viveu dando a outra face e reencarna carregado de feridas e chagas na alma.
Sua dor é tão grande que ele apenas tem uma alternativa. Fugir!
Longe dos "grandes" centros, com "grandes" pessoas e suas "grandes" importâncias.
Um cara como qualquer outro, mas que ao invés de abrir sorrisos pra qualquer um mandava tudo "se foder" e fazia cara feia em público.
Os matos eram explorados e ali ele dizia achar um novo sentido para o seu EU.
Sua dor é tão grande que ele apenas tem uma alternativa. Fugir!
Longe dos "grandes" centros, com "grandes" pessoas e suas "grandes" importâncias.
Um cara como qualquer outro, mas que ao invés de abrir sorrisos pra qualquer um mandava tudo "se foder" e fazia cara feia em público.
Os matos eram explorados e ali ele dizia achar um novo sentido para o seu EU.
Uma viagem psicológica e psicotrópica. Ele buscava o que chamava de "uma pira verdadeira" e procurava refletir isso no estilo de música e na sua forma de se vestir.
E, de repente, foi alvo de indignação, pois mesmo querendo pegar as cavalas do sertanejo universitário não conseguia se aproximar delas pagando "gole" e botando "banca", ele buscava nas mulheres o sentimento.
Odiava roupas novas, pois se apegava a suas vestes antigas e até mesmo rasgadas.
Percebeu que a forma de pensamento dominante na sua época era enrrustida de dos preconceitos enlatados de 30 anos atrás, do desenvolvimento tecno-facista. Pois via os miseráveis defendendo aqueles que geravam sua miséria.
Fugia, simplesmente isso, sendo um pequeno burguês aproveitava o que o mínimo que o sistema lhe oferecia, não conseguia servir ao capital e em alguns momentos se sentiu incapaz de arrumar companhia por conta disso.
E, de repente, foi alvo de indignação, pois mesmo querendo pegar as cavalas do sertanejo universitário não conseguia se aproximar delas pagando "gole" e botando "banca", ele buscava nas mulheres o sentimento.
Odiava roupas novas, pois se apegava a suas vestes antigas e até mesmo rasgadas.
Percebeu que a forma de pensamento dominante na sua época era enrrustida de dos preconceitos enlatados de 30 anos atrás, do desenvolvimento tecno-facista. Pois via os miseráveis defendendo aqueles que geravam sua miséria.
Fugia, simplesmente isso, sendo um pequeno burguês aproveitava o que o mínimo que o sistema lhe oferecia, não conseguia servir ao capital e em alguns momentos se sentiu incapaz de arrumar companhia por conta disso.
Um dia depois de um bico numa cachoeira soltou expotaneamente um berro: EU SOU UM PIÁ!
Mas ele não é nosso herói, é talvez um louco, um pseudo-esquerdista metidpo a revoltado, a maior fraude comunista-hippie-beatnik esfacelada e materializada no corpo de um pequeno-burguês vestido que queria ter nascido mendigo.
Seu fim se deu num campo de flores, durante a primavera. Não foi ele quem criou a contra-mola que traria primavera segurada entre os seus dentes!
Sepultou os seus sentimentos negativos em meio a toda destruição daquele Apocalipse, ele renascia.
Intoxicado pela doçura da vida que era o néctas daquela estação. Ele sempre volta enxer o saco com suas "baboseiras ideológicas", mostrando que foi o padeiro que vendeu os melhores sonhos, foi o bodegueiro que não cobrava fiado, foi nadador de rios e cachoeiras, foi admirador dos beija-flores e borboletas, foi o violeiro nos bares dos velhos boêmios, foi proseador e chimarrãozeador entre as tiazonas velhas, foi o mais servil amante e fui sobretudo o maior cozinheiro de Genghis-Khan dum acampamento qualquer que não lembro onde foi...
O profeta dessa Apocalipse não era um monge budista capacitado por seu interior. No ronco dos motores sua meditação era o Rock n'Roll que bradava acompanhando o ritmo dos rios e a queda das cachoeiras que caíam como suas lágrimas ao produzir essas palavras.
Ele era a RESISTÊNCIA e o SERTÃO era seu aconchego, já que todas as vezes que voltava pra cidade era chamado de BICHO DO MATO.
Ele era a RESISTÊNCIA e o SERTÃO era seu aconchego, já que todas as vezes que voltava pra cidade era chamado de BICHO DO MATO.